Apesar das recentes ameaças de Pyongyang de encerrar o complexo, o regime de Kim Jong-un tinha vindo a autorizar, até à data, a entrada e saída dos trabalhadores e de veículos de transporte de carga da Coreia do Sul através da passagem pela zona desmilitarizada que divide os dois países.
"Nós não recebemos qualquer resposta por parte da Coreia do Norte", declarou, à agência Efe, uma porta-voz do Ministério da Unificação de Seul que, à semelhança do que sucede todas as manhãs, solicitou autorização a Pyongyang para que deixasse as centenas de trabalhadores sul-coreanos atravessarem a fronteira, num pedido efetuado por telefone.
A porta-voz, que assegurou que o Ministério da Unificação continua a aguardar por uma resposta, afirmou, por outro lado, não ter conhecimento de qualquer incidente relacionado com trabalhadores sul-coreanos que se encontram há dias em Kaesong, indicando que o complexo funciona normalmente.
A interdição do acesso ao complexo de Kaesong coincide com um momento de tensão na península coreana, pautado pelo lançamento de uma 'campanha' de ameaças contra Seul e Washington por parte de Pyongyang.
De acordo com a AFP, que confirmou junto de fonte do Ministério da Unificação que, até ao momento, Pyongyang não deu o habitual aval, estava prevista a entrada de 484 trabalhadores sul-coreanos.
No contexto da sua ofensiva retórica, a Coreia do Norte ameaçou, no sábado, encerrar o complexo industrial de Kaesong, horas depois de anunciar ter entrado em "estado de guerra" com o Sul.
Localizado a escassos quilómetros da fronteira, o parque industrial, inaugurado em 2004, figura como o único projeto de cooperação económica entre as Coreias.
Cerca de 53.000 norte-coreanos trabalham para as mais de 120 fábricas sul-coreanas do complexo, o qual serve como uma fonte crucial de divisas para o Estado empobrecido da Coreia do Norte e reduz a dependência de Pyongyang em relação à China.
Kaesong foi escolhido para combinar a tecnologia e experiência da Coreia do Sul com a gestão a baixo custo da Coreia do Norte e é uma zona teoricamente desmilitarizada, mas fortemente armada e vigiada.
O complexo tem um volume de negócios equivalente a cerca de 1,5 mil milhões de euros, e tem funcionado sempre, apesar das repetidas crises entre os dois países.
Lusa