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Advogados indianos recusam defender suspeitos de violação de rapariga que acabou por morrer

Os advogados registados no tribunal indiano  que irá julgar os suspeitos de violação e agressões a uma estudante recusaram  defender os seis homens, foi hoje anunciado. 

Vigília pela jovem indiana que morreu após uma violação em grupo, Nova Deli / Reuters
© Amit Dave / Reuters

A primeira audiência do processo no tribunal do Saket, no sul da capital  Nova Deli, está marcada para quinta-feira com a apresentação do relatório  da polícia que tem mais de mil páginas. 

"Decidimos que nenhum advogado se apresentará para defender os acusados  da violação, porque seria imoral defender este caso", disse o advogado Sanjay  Kumar, do colégio de Saket da Ordem dos Advogados. 

Segundo Kumar, os 2.500 advogados registados no tribunal decidiram manter-se  à margem do processo para garantir "uma justiça rápida", devendo ser nomeados  advogados oficiosos para a defesa dos suspeitos. 

Um outro advogado registado no tribunal confirmou à agência France Presse  o boicote. 

Os seis suspeitos foram presos depois de terem violado e agredido uma  estudante num autocarro em Nova Deli, a 16 de dezembro. A jovem acabaria  por morrer no hospital e cinco dos seis homens serão julgados por violação  e homicídio.  

O ministro do Interior, Sushilkumar Shinde, indicou na terça-feira que  os suspeitos arriscam pena de morte se forem considerados culpados. 

O sexto acusado, que se julga ter 17 anos, deverá ser julgado por um  tribunal de menores, tendo sido submetido a um exame ósseo para verificar  a idade, revelou hoje o porta-voz do comando da polícia de Nova Deli. 

Depois de ter sido violada e agredida repetidamente quando regressava  do cinema com um amigo, a estudante de 23 anos foi atirada do autocarro.

A jovem morreu no sábado num hospital de Singapura para onde tinha sido  transferida em estado crítico após três intervenções cirúrgicas. 

A natureza particularmente violenta do ataque suscitou a contestação  dos indianos que nos últimos dias se têm manifestado nas ruas contra as  violações de mulheres, que são cometidas com relativa impunidade no país.

Em 2008, advogados indianos tinham igualmente recusado defender o único  membro sobrevivente de um comando islamita responsável pelos atentados de  Bombaim, que causaram a morte a 166 pessoas. 

 

Lusa

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