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Islamitas que controlam Timbuktu continuam destruição de património  mundial da UNESCO

Os islamitas que controlam Timbuktu, norte do  Mali, destruíram hoje a porta sagrada de uma mesquita do século XV, depois  de terem demolido no fim de semana sete dos 16 mausoléus de santos muçulmanos  da cidade.  

Túmulo  de Askia perto da cidade Gao no norte do Mali / Reuters
© Luc Gnago / Reuters

"Os islamitas acabam de destruir a entrada da mesquita Sidi Yahia de  Timbuktu" situada no sul da cidade, "derrubaram a porta sagrada que nunca  se abria", afirmou uma das testemunhas, informação que foi confirmada por  outros habitantes da cidade.  

A porta em madeira situada no lado sul da mesquita de Sidi Yahia está  fechada há décadas porque, segundo as crenças locais, a eventual abertura  traria azar. Esta porta conduz a um túmulo de santos e se os islamitas soubessem,  "teriam partido tudo", referiu uma testemunha.  

Depois dos mausoléus de santos, os islamitas do Ansar Dine ameaçaram  este fim de semana atacar as mesquitas da cidade, afirmando agir "em nome  de Deus" e em represália contra a decisão da Organização das Nações Unidas  para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) de 28 de junho de inscrever  a cidade de Timbuktu na lista do património mundial em perigo.  

 A mesquita de Sidi Yahia faz parte de três grandes mesquitas de Timbuktu com as Djingareyber e Sankoré, joias da arquitetura que testemunham o apogeu  da cidade.  

As três mesquitas fazem parte da lista de património mundial da UNESCO.

A Associação dos líderes religiosos do Mali condenou "o crime de Timbuktu".

A UNESCO considerou que a presença dos islamitas punha em perigo a vila  mítica de Timbuktu, designada como a "cidade dos 333 santos".  

O procurador do Tribunal Penal Internacional Fatou Bensouda declarou  no domingo em Dacar que a destruição de bens religiosos em Timbuktu podia  ser considerada como "crime de guerra" passível de ser levado a julgamento.

Os islamitas de Ansar Dine, bem como os do Movimento para a Unidade  e a jihad na África Ocidental (MUJAO), aliados da Al-Qaida, aproveitaram  um golpe de Estado em Bamako, a 22 de março, para acelerar a tomada de controlo  em todo o norte do Mali e impor a sharia (lei islâmica) em todo o território  do Mali.  

 

Lusa

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