O PCP considerou este domingo que o reconhecimento do Estado da Palestina por Portugal é uma "medida que peca por tardia e que há muito se impunha" e pediu que seja feito sem exigências ou condições.
"O reconhecimento do Estado da Palestina pelo Governo português é uma medida que peca por tardia e que há muito se impunha", lê-se num comunicado divulgado pelo PCP.
O PCP frisa que propôs várias vezes na Assembleia da República, "desde há muitos anos", o reconhecimento do Estado da Palestina, que foi "sistematicamente rejeitado pelos sucessivos governos do PSD/CDS e do PS, a coberto de diversos subterfúgios para que Portugal não adotasse uma decisão que lhe cabia soberanamente tomar".
"No entanto, o PCP rejeita inequivocamente que a decisão do Governo português seja acompanhada por exigências que colocam em causa os direitos do povo palestiniano, nomeadamente a um Estado livre e independente, em que o povo palestiniano possa decidir soberanamente o seu destino", refere-se.
Para o PCP, o Governo da AD só decidiu reconhecer o Estado da Palestina devido à "escalada de atrocidades de Israel e à aberta proclamação dos seus objetivos colonialistas", assim como devido à "corajosa resistência do povo palestiniano e à persistente ação do movimento de solidariedade no plano internacional, nomeadamente em Portugal".
Numa alusão ao facto de Portugal ter coordenado esta decisão com outros Estados-membros das Nações Unidas, como a França, Reino Unido ou Canadá, o PCP frisa que se tratam de potências ocidentais que "se recusam a implementar as decisões e ações necessárias para pôr fim ao genocídio, assegurar a urgente ajuda humanitária e criar o Estado da Palestina".
"Potências ocidentais que, além de não questionarem a continuidade do seu apoio militar, político e económico a Israel, nem condenarem a sua política genocida, continuam a reprimir o movimento de solidariedade com o povo palestiniano e pela paz no Médio Oriente, como se verifica em França ou no Reino Unido", critica.
O PCP afirma ainda que "os crimes de Israel contra o povo palestiniano", com "proporções sem precedentes", só são possíveis porque a sua "política de agressão, ocupação e colonização" tem contado "desde há décadas com o apoio e a cumplicidade dos Estados Unidos da América e das grandes potências da NATO e da União Europeia".
O partido defende ainda que o reconhecimento do Estado da Palestina por Portugal deve agora ser acompanhado pela "condenação do genocídio do povo palestiniano por parte regime sionista de Israel" e pela promoção de iniciativas "que visem o imediato fim dos crimes de Israel, a urgente resposta às necessidades básicas da população palestiniana, a retirada completa das forças israelitas e o fim dos seus ataques na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Leste".
O PCP considera ainda que o Estado da Palestina deve ser criado com as fronteiras de 1967 e a capital em Jerusalém Leste, e garantir que se cumpre o direito de retorno dos refugiados palestinianos, "como determinam há décadas as resoluções das Nações Unidas".
Portugal deverá formalizar este domingo o reconhecimento, através de um anúncio do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.