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Ex-guarda nazi condenado a 5 anos de prisão por participação na morte de milhares de judeus

John Demjanjuk, antigo guarda do campo de concentração nazi de Sobibor, na Polónia ocupada, foi hoje condenado em Munique (sul da Alemanha) a cinco anos de prisão por cumplicidade no homicídio de milhares de judeus há 68 anos.

John Demjanjuk
ANDREAS GEBERT
MARC MUELLER
MARC MUELLER
MARC MUELLER
MARC MUELLER
TOBIAS HASE
MARC MUELLER
TOBIAS HASE
Marijan Murat
Marijan Murat
UWE LEIN/POOL
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Nas alegações finais, o advogado de Demjanjuk, Ulrisch Busch, considerou o arguido, de 91 anos, inocente, afirmando que não era possível "constatar a culpa individual, com base nos documentos existentes"

Busch apoiou a tese numa ata datada de 2003 da Repartição Central de Pesquisas dos Crimes Nacional-Socialistas cometidos durante a Segunda Guerra  Mundial, alegando também que Demjanjuk, um ex-soldado soviético de origem ucraniana, não foi guarda voluntariamente, mas sim para salvar a própria vida, como prisioneiro de guerra dos nazis. 

O ministério público baseou a acusação no depoimento do único prisioneiro ainda vivo que esteve em Sobibor, Jules Schelvis, e num cartão de identidade de guarda do campo com a foto Demjanjuk que lhe foi passado, em 1942, pelas SS, tropa de elite que tutelava os campos de concentração e extermínio nazis.

O julgamento foi considerado histórico, já que Demjanjuk, foi o primeiro prisioneiro de exército nazi instruído para trabalhar num campo de concentração a ser levado à barra do tribunal na Alemanha por crimes de guerra. 

Em anterior audiência, o procurador público de Munique acusou Demjanjuk de ter participado ativamente no Holocausto e de saber perfeitamente que o campo de Sobibor se destinava ao extermínio de judeus. 

O arguido compareceu às audiências em cadeira de rodas, sendo depois colocado numa cama, e o julgamento sofreu vários atrasos, devido ao precário estado de saúde. 

Uma junta médica decidiu logo no início do processo, a 30 de novembro de 2009, que Demjanjuk só podia ser julgado durante um período máximo de 90 minutos por dia, para não agravar as doenças. 

Desde então, realizaram-se mais de 80 sessões no Tribunal regional de Munique. 

Atualmente apátrida, o réu foi extraditado dos Estados Unidos, onde foi operário da indústria automóvel e constituiu família - para a Alemanha, em maio de 2009.  

Logo a seguir à Segunda Guerra Mundial, Demjanjuk trabalhou como motorista na Alemanha, razão pela qual a justiça deste país resolveu julgá-lo. 

Na década de 1950, emigrou para os Estados Unidos, onde obteve a nacionalidade norte-americana, retirada em 2002, por ter ocultado as atividades durante a guerra, no processo de naturalização. 

Em 1988, chegou a ser condenado à morte em Israel, por ter sido confundido com outro guarda ucraniano do campo de concentração nazi de Treblinka, por alcunha "Ivan o Terrível", devido às atrocidades que cometeu sobre prisioneiros.

Quando se constatou o erro jurídico, o Supremo Tribunal israelita ordenou a libertação de Demjanjuk, após cinco anos de prisão. 

O ex-guarda de Sobibor regressou aos EUA, para mais tarde cair sob a mira da justiça alemã. 

Libertado apesar da condenação  

John Demjanjuk vai ser libertado, anunciou o tribunal de Munique (sul da Alemanha).  

O presidente do tribunal, o juiz Ralph Alt, justificou a decisão pela idade do condenado (91 anos), pelo facto de não apresentar qualquer risco e por Demjanjuk não poder sair do país uma vez que é apátrida, sem documentos de identidade.  

Por outro lado, podem decorrer vários meses até que o veredito seja definitivo, período durante o qual poderá recorrer.  

"Ele vai deixar a prisão hoje", precisou a porta-voz do tribunal, Margarete Noetzel.  

Lusa

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