A explosão terá acontecido quando eram 16h no Japão, 7h00 em Portugal. As últimas informações, disponibilizadas pela agência nuclear japonesa garantem que o núcleo central do reactor está intacto. Ainda não se sabe exactamente o que terá explodido nesta central que tem mais de 40 anos e que não terá resistido aos danos causados pelo terramoto de sexta-feira.
O tremor de terra fez com que nas últimas 24 horas aumentasse a temperatura no reactor e nas instalações que o circundam, sem que funcionasse o sistema de refrigeração. E sem o arrefeccimento, aumentou a pressão e acabou por dar-se a explosão.
Segundo as agências de notícias japonesas quatro funcionários da central nuclear terão ficado feridos mas os ferimentos são ligeiros. Imeadiatamente a seguir à explosão, o Governo de Tóquio deu ordem para duplicar a área de evacuação em redor da central. Passou de 10 para 20 quilómetros, o que significa transferir milhares de pessoas para outras zonas.
Um porta voz do executivo também já veio dizer que houve fuga de radioactividade mas que os valores têm vindo a diminuir nas horas que se seguiram à explosão.
De qualquer das formas, foi pedido à população foi que fugisse do local o mais rapidamente possível, que protegesse as vias respiratórias com um pano ou máscara molhados e que cobrisse o corpo.
A central de Fukushima, gerida pela Tepco, a Companhia de Elecrticidade de Tóquio, fica a pouco mais de 200 kms a norte da capital e fornece parte da energia consumida pelos 13 milhões de habitantes da cidade.
"Um perigo real"
A situação das centrais nucleares de Fukushima representa um "perigo real", apesar de não ser comparável ao acidente de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, avaliou hoje um especialista português.
"O principal risco é o derrame de material radioativo para a água, ou para a atmosfera, como aconteceu em Chernobyl", disse à agência Lusa João Seixas, especialista em física de partículas elementares e responsável pelo grupo português na experiência do acelerador de partículas LHC (Large Hadron Collider) do CERN (Organização Europeia para a Investigação Nuclear).
João Seixas alertou que uma explosão "deve ser impedida a todo o custo" devido ao eventual derrame para a atmosfera ou para a água, de material radioativo, que poderá ser transportado e disseminado rapidamente para seres vivos.
Ressalvando que não é suficientemente especializado nesta área para dar uma opinião abalizada, apesar de ter recebido formação em física nuclear muito avançada, João Seixas indicou que atualmente "há protocolos internacionais estabelecidos para garantir os sistemas de segurança" nestes casos.
"Essencialmente, a primeira coisa que se faz é evacuar as pessoas e monitorizar a situação, e é o que o Japão está a fazer. Eles têm com certeza todos os protocolos de seguranças controlados e ativados", sublinhou.
João Seixas considera que apesar dos riscos, a situação no Japão "nada tem a ver com Chernobyl" - o mais grave acidente nuclear de sempre - porque a central ucraniana "encontrava-se em muito mau estado e sem segurança".
"Tudo o que poderia correr mal nestes casos aconteceu em Chernobyl", recordou.
O último balanço oficial dá conta de 568 mortos e 600 desaparecidos enquanto que a agência de notícias Kyodo aponta para mais de 1700 vítimas mortais ou desaparecidas.
Com Lusa