Meteorologia

Cheias: "Todas as famílias" desalojadas "terão respostas" do Governo

A chuva intensa e persistente que caiu de madrugada de terça-feira causou milhares de ocorrências, entre alagamentos, inundações, quedas de árvores e cortes de estradas.

NUNO VEIGA

SIC Notícias

Lusa

O ministro das Infraestruturas e da Habitação garantiu hoje que "todas as famílias" desalojadas na sequência das intempéries dos últimos dias "terão respostas no quadro dos programas do Governo", depois da identificação feita pelos municípios.

"A identificação das famílias é feita pelos municípios. Todas as famílias terão respostas no quadro dos programas do Governo", afirmou Pedro Nuno Santos, que está a ser ouvido na Assembleia da República.

O governante respondia a questões da deputada do PSD Márcia Passos, sobre o número de famílias vítimas das intempéries que serão abrangidas pela bolsa nacional de alojamento urgente e temporário, criada em março de 2021.

"Nós temos respostas que, infelizmente, no passado, não existiam com a mesma solidez em matéria de necessidades urgentes e temporárias", sublinhou o ministro, referindo-se também ao programa Porta de Entrada.

"Governo está a preparar estruturas de apoio"

A ministra da Presidência também garantiu esta quarta-feira que o Governo vai apoiar as autarquias para ajudar com os prejuízos causados pelas cheias.

De visita a Loures, uma das regiões mais afetadas pelas inundações, Mariana Vieira da Silva adiantou que o Executivo já está a preparar as estruturas de apoio.

Quase 3.000 ocorrências, metade das quais em Lisboa

A chuva intensa e persistente que caiu de madrugada de terça-feira causou milhares de ocorrências, entre alagamentos, inundações, quedas de árvores e cortes de estradas nos distritos de Lisboa, Setúbal e Portalegre, onde há registo de vários desalojados.

Na zona de Lisboa a intempérie causou condicionamentos de trânsito nos acessos à cidade, que levaram as autoridades a apelar às pessoas para permanecerem em casa quando possível e para restringirem ao máximo as deslocações.

No distrito de Santarém, a chuva fez aumentar os caudais do rio Tejo, levando a Comissão Distrital de Proteção Civil a acionar o Plano Especial de Emergência para Cheias na Bacia do Tejo, dado o risco "muito significativo" de galgamento das margens do rio. Nesta bacia hidrográfica e na do Douro foi ativado o alerta amarelo.

Em Campo Maior, no distrito de Portalegre, a zona baixa da vila ficou alagada e várias casas foram inundadas, algumas com água até ao teto, segundo a Câmara Municipal.

Porque se repetem as cheias em Lisboa?

As alterações climáticas estão a tornar as inundações em Lisboa mais frequentes e mais violentas, mas o problema é antigo e repetido. Os especialistas falam em problemas graves de urbanismo e de ordenamento do território. Alertam que o plano de drenagem da Câmara de Lisboa não é suficiente para resolver o problema.

Há muito que Lisboa, uma cidade construída sobre rios e ribeiras, se habituou às inundações. Aos problemas antigos, somaram-se entretanto novas variáveis: as alterações climáticas e os solos que não conseguem dar resposta

As falhas graves de urbanismo e ordenamento do território são algumas das causas mais apontadas para explicar a repetição das cheias na capital. Para alguns autarcas, o excesso de construção não será o maior problema. Mesmo que fosse, não seria fácil de resolver.

Os atuais sistemas de escoamento de águas já não servem e o plano de drenagem anunciado pela Câmara de Lisboa pode não ser suficiente para resolver o problema.

Se há ponto em que todos concordam é que este não é um problema que possa ser resolvido à pressa. Construir e pensar uma nova cidade, que seja à prova de cheias, exige tempo e vontade.

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