Vodafone Paredes de Coura

Coura: é um croissant ao som de Scorpions, por favor!

A vila de Paredes de Coura vive, por estes dias, momentos de agitação e de grande animação. Enquanto chuviscava, subíamos a pequena rua central com cafés e lojas onde poucas pessoas circulavam esta sexta-feira. No entanto, ouvia-se eurodance a tocar na rua.

No piso inferior fica o café "Courense" e, no superior, o Xapas Lounge.
Nuno Marta de Sousa

Ana Luísa Monteiro

Pedro Rebelo Pereira

O Vodafone Paredes de Coura não se circunscreve às margens do rio Taboão. Espalha-se pela vila mesmo antes de começar o festival, com o evento “Sobe à Vila”, uma espécie de pré-festa. Os comerciantes agradecem muito a chegada mais precoce dos festivaleiros e dizem, sem dúvidas, que faz toda a diferença nas contas finais.

O diretor do festival, João Carvalho, já tinha mencionado numa entrevista que o objetivo era esse mesmo: levar mais pessoas à vila, contribuir para o comércio do concelho e retribuir a simpatia com que os locais acolhem o Vodafone Paredes de Coura.

Entrámos no Café Courense, onde algumas pessoas estavam sentadas a lanchar. Nas vitrinas via-se muito pão, de vários tipos, e bolos para todos os gostos. Mesmo assim, por estes dias o que sai mais são as bebidas, principalmente, as cervejas.

Ao balcão estava Alexandrina Dias, com ar apressado, a receber os clientes. Alguns são festivaleiros conhecidos que vão frequentando o café todos os anos. Há inclusive, quem envie presentes.

“Há pessoas de fora que mandam por correio, no Natal, um bombonzinho, um postalzinho e isso é bom”, comentou.

O mês de agosto é o mês forte, mas este ano está a ser “mais fraquinho” do que os anteriores. O impacto, segundo Alexandrina, está a fazer-se sentir.

“Abastecemo-nos bastante para trabalhar e acho que metade da mercadoria vai mesmo ficar no armazém”, lamentou.

Alexandrina nunca foi ao Vodafone Paredes de Coura, mas sente-se como se já lá estivesse estado.

“Vive-se o festival mesmo aqui em cima, principalmente, naqueles três dias em que o festival sobe à vila. É um espetáculo, vivemos mesmo o momento”, referiu, acrescentando que, efetivamente, o evento pré-festival tem peso nas contas.

Ao mesmo tempo que falávamos com a Alexandrina, ouvíamos bem alto o som de eurodance. Vinha mesmo do andar de cima. À varanda estavam jovens, de copo na mão, num género de discoteca diurna ao som de um coletivo de DJ's.

Passava pouco das 18:00 horas quando entrámos no Xapas Lounge e nos deparámos com uma pista de dança animada pelos Gin Party Soundsystem, que comemoram o 10.º aniversário a pôr som no bar local. Mais pareciam duas da manhã.

Encontrámos Ricardo Nogueira, responsável pelo Xapas, contou que prepara a programação ao pormenor, tendo em conta a disponibilidade dos festivaleiros. Os moradores do centro não se incomodam com a música alta. “Aqui é tudo tranquilo”, referiu.

Apesar de “não se poder queixar”, Ricardo admitiu que o festival está “mais fraco” e apontou possíveis razões: “talvez nem todos gostem do cartaz, há mais oferta e as pessoas acabam por se dividir e a situação económica do país também não está a ajudar”.

No bar tocava a “Wind of Change”, dos Scorpions, e o público estava animado. Muitos “deixam-se levar pela festa”, disse Ricardo, e até falham alguns concertos do festival.

Subimos a rua, continuava a chover. Nas lojas, logo à porta, as capas impermeáveis estavam em destaque. Num outro café encontrámos Alberto Filipe e Maximino Filipe num esplanada coberta.

Vêm passar férias a Paredes de Coura sempre nesta altura e gostam de ver os festivaleiros a animarem as ruas e os habitantes locais. “Quase todos os anos chove”, disse Alberto. E lembrou os tempos em que a “juventude” acampava nos campos de milho e que, quando chovia, havia lama até aos joelhos.

Os dois primos veem com bons olhos a afirmação do Vodafone Paredes de Coura, um “festival com caraterísticas muito especiais, na natureza e com limpeza”.

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