A Itália vai dar prioridade à administração da vacina da AstraZeneca contra a covid-19 a maiores de 60 anos por segurança, após recomendação dos cientistas que trabalham com o Governo, foi esta quarta-feira anunciado.
"A posição decidida pelo ministro [da Saúde, Roberto Speranza], após reunião connosco e outros especialistas, é de recomendar o uso preferencial [da vacina da AstraZeneca] a pessoas com idade superior a 60 anos", destacou, em conferência de imprensa, o presidente do Conselho Superior de Saúde de Itália, Franco Locatelli.
Esta tomada de posição de Itália surge após a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) ter confirmado uma "possível ligação" da AstraZeneca com os casos incomuns de coagulação sanguínea relatados em algumas pessoas que receberam a vacina, apesar de manter uma opinião positiva sobre o seu benefício.
Franco Locatelli salientou que a maioria dos casos de trombose foram detetados em mulheres com menos de 60 anos e nos primeiros 14 dias após a primeira dose da Astrazeneca, notícia a agência EFE. Mas quem recebeu a primeira dose desta vacina em Itália poderá receber a segunda dose para completar a imunização.
"Não há elementos" para decidir o contrário, sublinhou.
Segundo o diretor-geral do departamento de prevenção do Ministério da Saúde, Gianni Rezza, entre a noite de quarta-feira e quinta-feira o Ministério da Saúde italiano vai emitir uma circular para esclarecer esta medida.
Ministros da Saúde da UE não chegam a acordo sobre AstraZeneca
Os ministros da Saúde europeus não chegaram a uma posição comum sobre a vacina da AstraZeneca contra a covid-19. Durante a videoconferência extraordinária que decorreu esta quarta-feira, os 27 mostraram ter interpretações diferentes sobre as mais recentes conclusões da Agência Europeia do Medicamento.
O ministro da Saúde, Roberto Speranza, participou nessa reunião e lembrou que a Alemanha e a Espanha, tal como Itália, manifestaram a intenção de limitar a vacina a maiores de 60 anos, enquanto a França pretende fazer para maiores de 55 anos.
PORTUGAL ALERTA PAÍSES QUE DECISÕES SOBRE VACINA DA ASTRAZENECA "AFETAM TODOS"
A presidência portuguesa da União Europeia alertou os Estados-membros que "decisões individuais afetam todos" relativamente ao uso da vacina da AstraZeneca, envolta em riscos de coágulos sanguíneos, pedindo uma "posição o mais coordenada possível" entre os 27.
Num comunicado divulgado após a reunião virtual dos ministros europeus da Saúde, convocada de emergência e presidida pela ministra portuguesa da tutela, Marta Temido, lê-se que "a Comissão Europeia e a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia apelaram a todos os Estados-membros para que procurem uma posição o mais coordenada possível na UE".
Citada pela nota, Marta Temido sublinha: "Não devemos esquecer que as decisões individuais afetam todos".
A EMA realça que os benefícios da vacina superam os riscos. Das cerca de 25 milhões de pessoas que receberam AstraZeneca, o comité de segurança da EMA confirmou 86 casos de tromboses, dos quais 18 foram fatais.
A comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, apelou a uma "posição coordenada" entre os países da UE, sobre a AstraZeneca, que não "alimente" dúvidas sobre esta vacina.