O vice-almirante Henrique Gouveia e Melo admite que as dúvidas em torno da vacina da AstraZeneca podem reforçar os movimentos antivacinas em Portugal. Ainda assim, o coordenador da task force da vacinação diz que os números de quem recusou tomar a vacina por receio são residuais.
O perigo
Em entrevista, não descarta que as dúvidas agora existentes em torno desta vacina possam ter um efeito de contágio sobre o plano de vacinação.
"Há sempre esse perigo. Claro que temos de temer a criação de dúvidas no espírito das pessoas que faça que possam ter um maior receio no processo de vacinação como um todo e, em especial, de uma determinada vacina", disse o responsável.
O coordenador da task force lembra que a vacinação salva milhares de vidas e insta a quem vai tomar a vacina que pondere se prefere estar do lado da dúvida ou do lado que salva vidas.
Impacto pouco significativo
Apesar das dúvidas em torno de um prazo para o fim da suspensão da administração da vacina da AstraZeneca, o vice-almirante considerou que a situação vai passar ao lado do atual desconfinamento e que será recuperável em pouco tempo.
"Não creio que vá comprometer o processo de desconfinamento. De qualquer forma, a proteção dos professores [poder ser] uma semana atrasada, pode ter algum impacto, mas não julgo que seja muito significativo”, afirmou.
Os professores e funcionários do pré-escolar e primeiro ciclo já não vão ser vacinados no próximo fim de semana, como estava previsto. Ainda assim, Henrique Gouveia e Melo prevê que o impacto deste atraso seja pouco significativo.
Portugal seguiu na segunda-feira o exemplo de mais de uma dezena de países, entre os quais Espanha, Itália, França e Alemanha, e suspendeu "por precaução" a administração da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca.
A decisão foi anunciada pela DGS e pelo Infarmed e surgiu após vários países europeus também já terem suspendido a administração desta vacina devido a relatos de aparecimento de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas.
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