Pelas terras de Pedrógão Grande ainda muito se fala sobre um ano que dificilmente irá sair da memória. De quem por aqui habita, mas também de um país, que em 2017, no espaço de poucos dias, assistiu àquela que é uma das maiores tragédias de Portugal no século XXI.
É o caso da aldeia de Rapos, em Figueiró dos Vinhos, onde valeu apenas a força dos que aqui vivem.
Passados oito anos, esta casa continua por reconstruir. Alzira Luís, com os seus 81 anos, ainda tem esperança de voltar a habitar aqui. Hoje, diz-se abandonada entre promessas políticas que ficaram por cumprir. Vive com dificuldades, numa casa alugada e continua a pagar o imposto da casa que perdeu e que nunca mais viu ser reconstruída.
As tentativas foram muitas para evitar a tragédia, mas a velocidade do vento, as altas temperaturas e a incapacidade de resposta rápida foram mais fortes.
Feitas as contas — pelo menos as oficiais — o prejuízo ascendeu aos 500 milhões de euros. Mais de 500 casas afetadas, num incêndio que levou também parte significativa da indústria desta região, prejudicando diretamente mais de 300 postos de trabalho.
64 pessoas viveram aqui os seus últimos momentos. A famosa estrada da morte, em tons acinzentados, voltou a ganhar vida. A natureza que aqui voltou a brotar é agora motivo de preocupação para uma população envelhecida nestes concelhos do interior, onde falta mão de obra para trabalhar no campo.