Os Estados Unidos pensam ter "restabelecido um certo nível de dissuasão" face ao Irão após o ataque aéreo que matou o general iraniano Qassem Soleimani, declarou esta quarta-feira o chefe do Pentágono, Mark Esper.
"Através dos ataques aéreos que efetuámos contra as Brigadas do Hezbollah no final de dezembro e de seguida a nossa operação contra Soleimani, penso que restabelecemos um certo nível de dissuasão com eles", declarou aos 'media' o responsável da Defesa norte-americano. "Mas veremos. O futuro o dirá", acrescentou.
Os Estados Unidos admitem que as milícias xiitas vão prosseguir as operações contra as forças norte-americanas no Iraque, "quer sejam dirigidas diretamente, ou não, pelo Irão", indicou.
Esper manifestou ainda a necessidade de "reagir firmemente para assegurar" que os Estados Unidos da América mantêm "este nível de dissuasão num nível elevado".
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas norte-americanas, general Mark Milley, mostrou-se mais reservado sobre o efeito dissuasor do assassínio do general Soleimani.
"Penso que é provavelmente muito cedo para dizê-lo", declarou, sublinhando que os disparos de mísseis iranianos contra bases militares iraquianas onde estão estacionados soldados norte-americanos eram "destinados a matar".
O Irão disparou 16 mísseis balísticos a partir de três locais, e 11 atingiram a base aérea de Ain al-Assad (oeste), um a base de Arbil (norte) e quatro não funcionaram, indicou o general Milley.
"Penso que estavam destinados a provocar danos estruturais e destruir veículos, equipamento, aviões e a matar", declarou.
O facto de não terem existido vítimas "teve mais a ver com as técnicas defensivas" que as forças norte-americanas "utilizaram do que com a intenção" do Irão, adiantou.
O ataque iraniano da madrugada de hoje foi reivindicado pelos Guardas da Revolução como uma "operação de vingança", em retaliação pela morte do general Qassem Soleimani, comandante da sua força Al-Quds, na sexta-feira, num ataque aéreo em Bagdade ordenado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.
A televisão estatal iraniana referiu que aquela operação militar foi designada "Mártir Soleimani" e que matou "pelo menos 80 militares norte-americanos", mas o Presidente dos EUA, Donald Trump, e as chefias militares negaram a existência de baixas. Numa comunicação ao país, o presidente dos EUA anunciou que Washington vai intensificar sanções económicas contra o Irão, mas não referiu nova retaliação militar.
O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, disse que os militares portugueses no Iraque estão "fora de qualquer tipo de perigo", aquartelados a mais de 200 quilómetros dos locais onde caíram os mísseis iranianos.
A autoridade federal norte-americana para a aviação (FAA) proibiu aviões e pilotos comerciais norte-americanos de voarem sobre áreas do Iraque, Irão, Golfo Pérsico e Golfo de Omã.
Várias companhias aéreas, como a Lufthansa, Emirates e Malaysia Airlines suspenderam hoje os voos sobre o Iraque e o Irão ou alteraram rotas para evitar o espaço aéreo dos dois países.
Na noite de hoje, foram lançadas duas granadas-foguete em direção à Zona Verde de Bagdad, capital do Iraque, onde se encontra a embaixada norte-americana. Este foi o terceiro ataque na Zona Verde após a operação com 'drone' que na sexta-feira matou Qassem Soleimani.
Desde o final de outubro, dezenas de granadas-foguetes visaram soldados e diplomatas norte-americanos no Iraque. Os ataques nunca foram reivindicados, mas diversas destas ações foram atribuídas por Washington às fações pró-iranianas.