TAP: o futuro e as polémicas

"Qualquer decisão judicial não repara os enormes danos reputacionais", diz ex-CEO da TAP

Um dia depois de ser conhecida a entrada do processo nos tribunais no qual exige 5,9 milhões de euros, Christine Ourmières-Widener relembra que foi o Governo que "convidou uma gestora internacional, com uma carreira ascendente".

João Relvas/Lusa

SIC Notícias

Lusa

Apesar de confiar na justiça, a antiga presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, defende que qualquer decisão dos tribunais no processo contra a companhia aérea não irá apagar os danos causados por uma demissão que considera abrupta e injustificada.

"Espero que seja reposta toda a verdade. Infelizmente, qualquer decisão que venha a ser tomada não poderá reparar integralmente os enormes danos reputacionais e pessoais que sofri e continuo a sofrer. Ninguém deveria passar pelo que passei, nem pessoal, nem profissionalmente", afirma a gestora francesa.

Numa declaração enviada à agência Lusa, um dia depois de ser conhecida a entrada do processo nos tribunais no qual exige 5,9 milhões de euros, a ex-CEO da TAP relembra que foi o Governo que "convidou uma gestora internacional, com uma carreira ascendente".

"Não fui eu que procurei a posição de CEO da TAP. Foi o Governo que me convidou. Convidou uma gestora internacional, com uma carreira ascendente, garantiu o pagamento de um bónus que foi decisivo para a minha aceitação e decisão de mudar toda a minha família para Portugal, assinou um contrato por 5 anos, que foi abrupta e injustificadamente interrompido", refere.

Ourmières-Widener reitera ter agido "sempre com total transparência" e de "boa-fé" na liderança da companhia aérea e recorda os resultados financeiros "nunca antes obtidos".

"Acredito na justiça, seja em Portugal, seja no estrangeiro. Tenho mantido o silêncio, em respeito à TAP e aos seus trabalhadores, pelo que lamento, uma vez mais, a reação pública do Governo sobre o processo", sentencia.

O Governo anunciou a exoneração de Christine Ourmières-Widener e do presidente do Conselho de Administração, Manuel Beja, 6 de março, depois de divulgados os resultados de uma auditoria da Inspeção-Geral das Finanças (IGF), que concluiu que o acordo para a saída da antiga administradora Alexandra Reis era nulo e que grande parte da indemnização (de perto de meio de milhão de euros) teria de ser devolvida.

O caso motivou uma remodelação no Governo, incluindo a saída do ex-ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos.

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