O chefe dos Bombeiros Voluntários de Barcarena esteve na Turquia no sismo de 1999. Esta terça-feira, 24 anos depois, na antena da SIC disse que ninguém está preparado para uma tragédia desta dimensão e que os socorristas também estão em risco.
Os abalos que afetaram a Turquia e a Síria deixaram um rasto de destruição bastante violento. Mais de 5.000 pessoas já perderam a vida, muitas ainda se encontram desaparecidas e dezenas de milhares ficaram feridas.
Esta quarta-feira, uma força conjunta portuguesa de socorristas, composta por 53 homens e seis cães, parte para a Turquia para auxiliar nos trabalhos de resgate.
Estes elementos pertencem à Proteção Civil, INEM, GNR e ao Regimento de Sapadores dos Bombeiros.
Para explicar o cenário que a força conjunta encontrará naquele país, o chefe dos Bombeiros Voluntários de Barcarena esteve na SIC e começou por dizer que, neste momento, a operação em curso nos terrenos mais afetados ainda é de busca e salvamento, o que poderá manter-se, acredita Ricardo Gonçalves, por mais dois dias.
Continuarão, no entanto, a ser encontradas pessoas com vida durante “mais uma semana”, projetou.
O que é mais difícil para os socorristas?
Dada a sua experiência no terreno, o chefe dos bombeiros confessou o que foi para si, "o mais difícil e o que custou mais". Dificuldades que os operacionais que partirão para as zonas afetadas vão encontrar, acrescentou.
“O que julgo que seja mais difícil é estarmos [os socorristas] a cinco ou seis metros de uma pessoa e tentarmos tudo por tudo, estarmos a vê-la, e não conseguir lá chegar”, partilhou Ricardo Gonçalves.
O antigo socorrista referiu ainda que neste tipo de missões, muitas vezes, é essencial “parar e refletir” antes de avançar no terreno, principalmente aquando da ocorrência de réplicas, que dificultam de forma significativa os trabalhos de salvamento.
É tudo mais complexo por ser naquele ponto do globo?
Ricardo Gonçalves afirmou que os edifícios instáveis “placa sobre placa” que caracterizam muitas das zonas da Síria e da Turquia agravam brutalmente os efeitos negativos de uma catástrofe desta ordem.
Os muitos destroços que se acumulam nas ruas tornam a progressão dos socorristas “muito difícil e arriscada”.
“Nunca se está preparado”
O chefe dos Bombeiros de Barcarena rematou explicando que “nunca se está preparado”, apesar de todo o treino, para partir para um cenário semelhante ao que se regista atualmente nas zonas gravemente afetadas pelo sismo da passada segunda-feira.