Saúde Mental

Jovem esteve internada durante 20 anos em psiquiatria devido a diagnóstico errado

April Durrell foi diagnosticada com esquizofrenia e psicose, tendo ficado catatónica aos 21 anos. Duas décadas depois um médico familiarizado com a condição da jovem conseguiu encontrar uma explicação para estas perturbações. É um caso curioso que transmite uma importante mensagem.

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SIC Notícias

O caso é intrigante do ponto de vista social e médico e trata-se de uma história que carrega uma importante moral sobre doentes que sofrem de problemas mentais. A vida de April Durrell deu uma reviravolta quando tinha 21 anos, avança The Washington Post. Foi internada num hospital psiquiátrico em estado catatónico, depois de ser diagnosticada com esquizofrenia e psicose. Quando muitos acreditavam que April nunca mais iria recuperar a sua vida, eis que 20 anos depois descobriu-se que tinha sido mal diagnosticada e que, afinal, sofria de lúpus.

Antes de se tornar paciente, April era uma excelente aluna, que estudava contabilidade na Universidade de Maryland Eastern Shore na altura em que atravessou um evento traumático. Tinha 21 anos quando começou a ter alucinações.

Diagnosticada com a forma mais grave de esquizofrenia e psicose, April entrou numa espiral em que parou de falar com outras pessoas e começou a desenvolver um comportamento errático.

A jovem norte-americana chegou a um ponto em que deixou de reconhecer os familiares e amigos e tornou-se incapaz de realizar quase qualquer tarefa sozinha. Para além disso, não permitia que ninguém tivesse contacto físico com ela. Ficou catatónica.

A catatonia é uma forma severa de doença mental, em que as pessoas reagem pouco ou nada ao ambiente, ou podem comportar-se de forma inesperada ou insegura. A doença é tratável com medicamentos ou outras técnicas.

Médico do hospital psiquiátrico ajudou April

A condição de April foi diagnosticada em 1995 e cinco anos depois conheceu o médico residente do hospital psiquiátrico, Sander Markx, que, ao Washington Post, disse: "Ela é, até hoje, a paciente mais doente que já vi".

Quase duas décadas depois as suas vidas voltam a cruzar-se. Markx, agora diretor de psiquiatria de precisão da Universidade de Columbia, e os colegas descobriram que, embora a doença de April fosse clinicamente indistinguível de esquizofrenia, ela também tinha lúpus, uma doença autoimune subjacente e tratável, que estava a atacar o seu próprio cérebro nas áreas onde a esquizofrenia e a psicose se desenvolvem.

Após meses de tratamentos e mais de duas décadas presa na sua mente, April acordou.

Em 2020 foi declarada mentalmente competente deixou o hospital psiquiátrico para continuar a sua recuperação num centro de reabilitação.

Esta é a prova de que muitos doentes mentais deixados em hospitais psiquiátricos podem ter oportunidade de recuperar as suas vidas.

Várias investigações atuais relacionam muitas doenças mentais com processos inflamatórios e doenças autoimunes.

Outro caso

O caso de April faz lembrar o caso “Brain on Fire” de Susannah Cahalan, que escreveu um livro de memórias e inspirou um filme.

Susannah, que era jornalista, foi diagnosticada com psicose e, na altura, os médicos acreditavam que ela ia provavelmente morrer de encefalite, se não fossem os esforços do neurologista Souhel Najjar.

No final descobriram que ela sofria de uma doença rara chamada encefalite do recetor anti-NMDA.

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