Desde o início do papado de Francisco que o tom para com a população LGBTQ+ se tornou progressivamente mais inclusivo, mas não sem alguns deslizes. Numa comunidade religiosa onde os géneros são altamente segregados, o tema da sexualidade - e mais ainda o da homossexualidade - é há muito delicado para a Igreja Católica.
“Uma coisa é quando se manifesta em criança, em que há muitas coisas a fazer… a nível psiquiátrico ou… para ver bem como são as coisas, e outra coisa é quando se manifesta um pouco depois dos 20 anos”. (Papa Francisco)
O Vaticano acabaria por retratar-se desta justaposição entre homossexualidade e psiquiatria - retirada dos manuais médicos desde os anos 70 ou 90 na maioria dos países do mundo - nomeadamente os católicos - onde os direitos dos homossexuais têm sido consignados - e a criminalização abolida.
“Ser homossexual não é um crime. Não é crime. Pois, mas é pecado. Sim, mas há que distinguir pecado de crime. Mas também é pecado a falta de caridade para com o próximo.”
Em dezembro de 2023 o Papa subscreveu a declaração do dicastério para a doutrina da fé, onde é referida pela primeira vez a bênção aos irregulares - esta é a designação da igreja para com os homossexuais, mas também transexuais e até os divorciados, num mundo onde mais de 60 países consideravam crime a disforia de género e a orientação sexual - e 10 puniam com pena de morte, aquilo que o papa passou a declarar como condição humana.
Na sua autobiografia Francisco faz referência ao tema da homossexualidade.
"É estranho que ninguém se preocupe com a bênção de um empresário que explora as pessoas, e esse é um pecado gravíssimo, ou com quem polui a casa comum, enquanto se escandaliza quando o papa abençoa uma mulher divorciada ou um homossexual".