No primeiro dia em tribunal, José Sócrates apresentou dois incidentes de recusa contra a juíza do processo da Operação Marquês e o procurador-geral da República, Amadeu Guerra. Ambos foram negados.
No Jornal da Noite da SIC, o advogado Pedro Duro explica que se percebe a decisão “tendo em conta a dinâmica deste processo, que um tribunal acaba por negar, sobretudo se entender que não há nenhum elemento que o suscite”.
Ou seja, diz o advogado, “se o próprio juiz entendesse que se colocava alguma dúvida que justificava acolher o incidente, em qualquer caso o incidente deve ser colocado também perante o tribunal superior e que nessa altura o tribunal pronunciar-se-á”.
“Compreende-se que num processo que dura tanto tempo, não sendo evidente, aliás se fosse, provavelmente a juíza não teria sequer assumido o processo, porque teve muito tempo para tomar essa decisão e para fazer essa reflexão, Como é evidente, eu diria que é normal que nesta altura o processo se tente acelerar o mais possível por parte do Tribunal”.
O primeiro dia de tribunal ficou, ainda, marcado, pelo pedido da defesa para que a produção de prova fosse transmitida em direto pelas televisões. Na opinião de Pedro Duro, isso poderia acontecer visto que se os julgamentos sendo “de porta aberta num espaço que não dá para entrar muita gente, para mim, significa que toda a gente podia ver”.
“E toda a gente podia ver nos meios modernos, deveria poder ver em streaming, se fosse possível. Portanto, como lhe digo, na tradição portuguesa, eu diria que isto não é algo que seja de todo consensual”.
"A lei o que permite é que, em princípio, não sejam colhidas imagens nem som, exceto se a autoridade judiciária, e neste caso a autoridade judiciária é o tribunal, não autorizar. Mas, mesmo essa autorização está limitada pela autorização dos próprios que possam ser filmados ou cujo som possa ser recolhido".
Ao finalizar, questionado sobre se este processo, tendo em conta o tempo que já leva, pode decorrer com normalidade jurídica, o advogado diz que sim, mas “irá decorrer com muitos sobressaltos, mas far-se-á, como todos os julgamentos se fazem, e demorarem alguns anos, porque há muitas testemunhas e o caso é complexo”.