Vai ser repetido o debate instrutório da Operação Marquês para corrigir a decisão do juiz Ivo Rosa quanto aos únicos seis crimes pelos quais queria levar a julgamento o ex-primeiro-ministro e o seu amigo Carlos Santos Silva.
Apesar de ter praticamente destruído grande parte da acusação da Operação Marquês, Ivo Rosa considerou, ainda assim, que José Sócrates era corrupto. No entanto, não da forma descrita pelo Ministério Público.
Ao contrário do que defendem os procuradores - que acusam Carlos Santos Silva de ter sido um testa de ferro, ocultando alegadas luvas pagas pelos grupos Lena e Espírito Santo a Sócrates -, o juiz entendeu que o ex-primeiro-ministro tinha sido apenas corrompido pelo próprio amigo.
Como, na perspetiva do magistrado, os crimes de corrupção já estariam prescritos, Sócrates e Santos Silva seriam julgados apenas por três crimes de branqueamento de capitais e outros três de falsificação de documentos.
Essa tese acabou por ser rejeitada pelo Tribunal da Relação, que no ano passado anulou a decisão de Ivo Rosa e determinou que fosse tomada uma nova decisão instrutória.
A responsabilidade está agora nas mãos da juíza Sofia Marinho Pires, que acompanhou o debate instrutório realizado esta terça-feira - uma espécie de alegações finais do Ministério Público e das defesas, cuja presença do juiz é obrigatória por lei.
A grande dúvida que se coloca agora é saber quando e de que forma esta parte separada do processo será integrada no processo principal da Operação Marquês, que o Tribunal da Relação recuperou e ordenou levar a julgamento.
O julgamento tem início marcado para daqui a um mês.