Operação Marquês

José Sócrates e advogado faltam a reunião da Operação Marquês

Num texto enviado à SIC, José Sócrates esclarece que o processo Marquês ainda não “ultrapassou a fase de instrução” e que, por isso, “não pode haver julgamento”, estando assim a defesa “impedida de participar em reuniões judiciais”.

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Diogo Torres

Carolina Botelho Pinto

Num texto muito crítico da atuação da Justiça na Operação Marquês, José Sócrates anuncia que não participará em reuniões judiciais num processo que “não ultrapassou ainda a fase de instrução”.

“Neste momento não existe nem acusação, nem pronúncia. Por essa razão não pode haver julgamento. (…) Esta é a posição da defesa que, por estas razões, está impedida de participar em reuniões judiciais que pretendem impor factos consumados nos processos judiciais sem observância do devido processo legal”, lê-se na nota.

Sócrates acusa o Tribunal da Relação de ter “inventado”, em janeiro de 2024, um “lapso de escrita” na acusação, para mudar o crime e agravar a moldura penal de forma a “manter vivo o processo”.

"Tudo o que é proibido pelo código as senhoras juízas fizeram. Tudo. As juízas afirmaram que os sete procuradores se enganaram no crime, se enganaram todos e que se enganaram todos ao mesmo tempo. (…) Este truque do lapso de escrita não tem outro objetivo que não seja manter viva a ação penal manipulando ilegitimamente os prazos prescricionais do processo", escreve.

O antigo primeiro-ministro acusa a Justiça de “abuso, arbítrio e violência” num processo que se arrasta há 12 anos e sobre o qual, sublinha, já houve duas decisões judiciais que lhe deram razão: a decisão instrutória de 2021, “que considerou que nenhuma das acusações estava indiciada", e um acórdão de 2024, que “derrubou a chamada pronúncia Ivo Rosa”.

“Portanto, o processo marquês não foi a julgamento não em razão de nenhuma “manobra dilatória”, mas em função de duas decisões judiciais que me foram favoráveis”, acrescenta.

Recorde-se que a data de início do julgamento da Operação Marquês é conhecida esta segunda-feira, numa reunião no Tribunal Central Criminal de Lisboa, à qual Sócrates já anunciou que vai faltar.

Detido em 21 de novembro de 2014 no aeroporto de Lisboa, José Sócrates foi o primeiro ex-chefe do Governo a ser preso preventivamente em Portugal, tendo estado 288 dias no Estabelecimento prisional de Évora e mais 42 dias em prisão domiciliária.

É o principal de 22 arguidos e será julgado por três crimes de corrupção, 13 de branqueamento e seis de fraude.

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