Ontem Já Era Tarde

José de Pina: “O FC Porto está a chegar ao fim de um ciclo”

O argumentista e humorista José de Pina considera que “o FC Porto está a chegar ao fim de um ciclo. Esta guerra Norte-Sul começa a não fazer sentido e já nem dá frutos. Se Villas-Boas ganhar as eleições, vamos ter o FC Porto 2.0.”

Luís Aguilar

Presença semanal no programa Irritações, da SIC Radical, José de Pina vibrou com a recente vitória do Sporting frente ao FC Porto a qual classifica de “totalmente merecida”. Considera Gyokeres “um bicho do mato que faz a diferença” e vê a expulsão de Pepe como o reflexo de uma cultura que está a acabar: “O FC Porto na Europa é um orgulho para Portugal, mas não percebo porque joga na Champions impecavelmente e não faz o mesmo no campeonato.”

O argumentista e humorista acredita que os dragões estão a chegar “ao fim de um ciclo”: “Esta coisa da guerra Norte-Sul começa a não fazer sentido e já nem dá frutos. Se André Villas-Boas ganhar, o FC Porto vai entrar na versão 2.0.”

“Até o André Ventura admitiu que não era verdade”

Durante um dos períodos mais quentes entre Benfica e Sporting, depois de Bruno de Carvalho ter contratado Jorge Jesus quando este estava de saída das águias, José de Pina foi comentador do polémico programa de desporto da TVI, Prolongamento, e chegou a ver o seu nome associado à guerra de comunicação travada pelos dois clubes: “Na altura em que se soube da cartilha do Benfica, chegaram a inventar que eu e outros comentadores do Sporting tínhamos um almoço semanal no gabinete do Bruno de Carvalho para a mesma coisa. Tudo mentira. Se havia algum almoço, nunca fui”, garante.

Pina lembra uma troca de comentários nas redes sociais com André Ventura, nessa altura também comentador desportivo, mas afeto ao Benfica: “Até ele disse que estava só a brincar. Ou seja, o próprio admitiu que aquilo era só para destabilizar. Mas as pessoas acreditavam. Era este o ambiente que se vivia.”

“Um dia pedi a cabeça”

José de Pina recorda ainda os tempos de comentador desportivo: “Um dia perdi a cabeça com o Pedro Guerra e decidi sair do programa. Tinha prometido a mim mesmo que não passava esse limite.”

José de Pina garante que gostou da sua experiência como comentador desportivo apesar de alguns confrontos com Pedro Guerra, colega de painel e adepto do Benfica. “Houve uma altura em que me divertia com aquilo. Ele estava sempre a interromper e cheguei a pôr-lhe uma fita da Emel à volta para o deixar bloqueado. Noutro momento, sentei-me à frente dele, sem dizer nada, a ler o ‘Triunfo dos Porcos’, do George Orwell. Mas nessas situações ele até reagiu com humor.” Com o avançar dos programas, no entanto, a situação foi escalando: “O Pedro Guerra vinha da cena política e levou para ali a estratégia de não deixar falar ninguém.

Nos últimos meses, ao fim de três anos e tal, o ambiente já era tóxico. Tive um programa em que lhe chamei um nome, ele levantou-se e veio ao meu lugar. Aí vi-me a chegar a um limite no qual já não me reconhecia, já não era para mim.” José de Pina abandonou as funções a uma segunda-feira e os ataques à Academia de Sporting deram-se no dia seguinte: “Não saí por causa disso, já estava decidido.”


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