Mundo dos Animais

Tem um animal de estimação e não o pode levar de férias? Este guia vai ajudá-lo

O verão está a chegar e nem sempre é possível levar o animal de estimação de férias. Para ajudar os donos a tomar a melhor decisão sobre onde deixar o cão ou o gato, falámos com o veterinário André Santos. Explicamos-lhe que opções tem e os fatores a ponderar.

Inês M. Borges

Carolina Botelho Pinto

Inês M. Borges

Com a chegada do verão, aproxima-se também a altura das famílias irem de férias, mas nem sempre é possível levar os animais de estimação. Para que possa tomar a melhor decisão sobre onde deixar o cão ou o gato durante a sua ausência, criámos este guia com a ajuda do médico veterinário André Santos, do Hospital Veterinário do Restelo.

Que opções existem? Temos cinco sugestões

  • Pedir a um amigo ou familiar para tomar conta do animal
  • Petsitting
  • Estadia familiar
  • Hotéis para animais
  • Abrigo para animais

O médico veterinário André Santos explica que a melhor opção “será sempre alguém próximo da família” ficar a tomar conta dos animais, seja na casa onde o cão ou gato habita normalmente, seja em casa da pessoa responsável durante o período de ausência dos donos.

Isto porque será uma pessoa que tem um contacto mais regular com o animal e à qual o cão ou gato já está habituado, o que diminuirá a possibilidade de a situação gerar um nível de stress adicional.

No caso dos gatos, o médico veterinário recomenda mesmo que, se possível, seja alguém a ir tratar deles na casa onde habitam.

“O mais indicado é mesmo ter alguém que vá a casa tratar, porque os gatos sofrem muito com o stress. Existem hotéis de gatos com ótimas condições, mas no caso do gato, sempre que possível, é preferível ir lá alguém a casa”, aconselha André Santos.

Caso não possa pedir a um amigo ou familiar para tomar conta do seu animal de estimação, há ainda duas opções com um pendor mais ‘familiar’: o petsitting - que consiste em contratar alguém para ir a sua casa pelo menos uma vez por dia tomar conta dos animais - e a estadia familiar - pessoas que recebem os animais em casa.

Poderá ainda optar por deixar o cão ou o gato num hotel próprio para animais ou num abrigo, já que há cada vez mais associações a aderirem a esta modalidade de receber os animais durante as férias dos donos.

Como é que se escolhe o melhor local?

“Qualquer uma das opções é válida. Hoje em dia os hotéis para animais e alguns abrigos têm excelentes condições”, explica o médico veterinário. Mas, para que possa tomar uma decisão informada, convém que comece a planear as férias (do animal) com antecedência.

Isto porque o ideal é que possa visitar os espaços com tempo, para se familiarizar com o ambiente e com as pessoas que lá trabalham e também para que possa lá deixar o cão ou o gato numa espécie de ‘teste’ antes das férias.

“Faz todo o sentido visitar o local onde se vai deixar o bicho, avaliar o espaço, ver se o cão se sente feliz lá. Idealmente deixar lá o animal num fim de semana. Podemos gostar do sítio, mas o cão não se sentir bem. Quando se prepara as férias é importante planear o sítio onde deixar os animais”, sublinha o veterinário do Hospital Veterinário do Restelo.

Até porque parte do planeamento passa por verificar que exigências estes espaços colocam para receber os animais: normalmente, é obrigatório que tenham a vacina da raiva e a da tosse do canil e que tenham também a desparasitação em dia, explica André Santos em entrevista à SIC Notícias.

Em alguns locais é também obrigatório que os machos estejam castrados para evitar problemas de agressividade.

Mais. O médico veterinário André Santos aconselha mesmo que seja feito um check-up antes das férias para verificar todas estas questões e outras que possam surgir.

O que ter em conta durante a estadia do animal

Se há cães que não sofrem tanto com a ausência dos donos, há outros que sofrem muito com a ansiedade de separação. Para evitar que possam aparecer sinais clínicos preocupantes, o médico veterinário André Santos recomenda que durante a estadia fora de casa o animal tenha acesso a objetos que reconhece.

“O mais indicado é a cama, um brinquedo ou uma manta, por causa do cheiro”.

Deve também manter-se a ração habitual e, se possível, as rotinas a nível de horários, explica. Os donos devem ainda exigir que exista um contacto diário, “seja por vídeo ou por mensagem”, para se certificarem de que está tudo bem com os animais, acrescenta.

Ansiedade de separação: quando me devo preocupar?

O stress da separação dos donos pode fazer com que alguns animais fiquem mais tristes e deixem até de comer ou de brincar. O planeamento e a preparação antecipada podem ajudar a diminuir estas mudanças comportamentais, mas há sinais a que é preciso dar atenção.

“Quando há sinais clínicos é de preocupar. Quando o cão não come há mais de dois dias, está prostrado ou desenvolveu vómitos ou diarreia. Quando há uma manifestação de agressividade que não é normal… aí é importante falar com os donos e ponderar uma ida ao veterinário”, esclarece André Santos.

Deve haver ainda uma especial atenção a animais com doenças crónicas, já que estas podem descompensar em alturas de stress.

Em que casos não é recomendado deixar um animal nestes locais?

Já sabemos que os gatos, por norma, não se dão tão bem quanto os cães neste tipo de locais - como hotéis para animais - nas férias dos donos, devido ao stress. Mas para além dos felinos, há outras situações em que também não é aconselhável.

São elas casos em que existam doenças infecto-contagiosas - como tosse de canil ou doenças parasitárias, por exemplo - e casos de animais com excesso de ansiedade ou comportamentos agressivos.

“Aí não é de todo recomendado. Pode causar problemas traumáticos”, explica o médico veterinário à SIC Notícias.

Na dúvida, deve sempre contactar o médico veterinário dos seus animais de estimação.

Para os donos que vão deixar pela primeira vez os animais com outras pessoas ou noutro local que não em casa durante as férias, André Santos recorda que é normal haver preocupação. No entanto, explica que “à medida que os donos vão conhecendo o sítio, vão ficando mais confortáveis, vão-se familiarizando e conseguem confiar mais”.

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