Mundial feminino

Mundial Feminino: Francisco Neto garante que irão "lutar" até ao final pelo apuramento

As Navegadoras vão jogar contra os Estados Unidos, as atuais campeãs mundiais. O selecionador nacional acredita que a vitória é possível e lembra que “há sempre momentos em que as equipas abaixo no ranking conseguem superar-se”.

Alessandra Tarantino

SIC Notícias

Lusa

O selecionador Francisco Neto afirmou esta segunda-feira que o objetivo de Portugal “lutar” até ao final do encontro com os Estados Unidos, para, depois, poder vencer e rumar aos oitavos de final do Mundial feminino de futebol, na Austrália e Nova Zelândia.

"Queremos ser suficientemente organizados e competentes para levar o jogo ao até final e, depois, lutar por aquilo que tem de ser", disse o técnico luso, questionado se a formação das Quinas pode inspirar-se no que a Colômbia fez à Alemanha (2-1).

Francisco Neto lembrou que “há sempre estes momentos em que as equipas abaixo no ranking conseguem superar-se, transcender-se e ter exibições incríveis”. “Nós sempre acreditámos nisso, no nosso valor, que as equipas que são competentes, organizadas, conseguem disputar os jogos até ao final. É muito por aí que queremos andar”, acrescenta

O responsável pela formação das Quinas sabe, porém, que a tarefa lusa não será fácil, num embate da terceira jornada do Grupo E que Portugal tem de vencer, na terça-feira, a partir das 19:00 locais (08:00 em Lisboa), no Eden Park, em Auckland.

"Acima de tudo, [espero] uns Estados Unidos a dar continuidade ao que fizeram na segunda parte com os Países Baixos, uma equipa altamente pressionante, a querer dominar o jogo logo desde o início, a querer ter bola, a empurrar a equipa adversária para o último terço, com uma pressão muito grande, com muitas jogadoras na sua linha ofensiva", explicou.

É a isso que as Navegadoras têm de dar resposta: "Temos de estar preparados e ter armas para contrariar essa estratégia, que eu acho que é o que os Estados Unidos irão fazer, porque é aquilo que fazem sempre, é o ADN delas".

"Estamos a falar de jogadoras que já passaram muitas vezes por períodos de grande pressão, que jogaram finais do Campeonato do Mundo, dos Jogos Olímpicos, com uma experiência internacional muito grande", lembrou.

Ainda assim, Francisco Neto sublinha que os EUA não são imbatíveis: "São seres humanos e, quando as coisas não lhes estão a correr bem, acabam por ter alguma pressão extra, mas acho que quando a bola começar a rolar, a pressão, tanto de um lado como de outro, vai desaparecer".

"Temos de nos conseguir impor e não estar a contar com o nervosismo dos Estados Unidos. Notou-se com os Países Baixos que elas crescem com o jogo e as suas necessidades, com a adversidade. Temos de estar preparados para a melhor versão dos Estados Unidos, porque é aquilo que eu acho que vai aparecer. E tem também de aparecer a melhor versão de Portugal", frisou Francisco Neto.

O selecionador nacional destaca que é importante que isso seja traduzido em eficácia. "Vamos procurar aumentar o número de oportunidades. É uma grande missão, que Sabemos que é difícil".

"Há poucas equipas no mundo a marcar golos aos Estados Unidos, a criar oportunidades, mas, nos quatro jogos que fizemos com elas, criámos sempre oportunidades. Não tivemos a competência na altura para as concretizar", explicou, em alusão aos quatro embates face às norte-americanas desde que é selecionador.

Francisco Neto diz que trabalhou para que as ocasiões de golo surjam. "Temos a nossa estratégia para o ataque ao último terço. O que nós queremos é colocar as nossas avançadas em boas situações de finalização. Depois, a concretização, tem a ver com o lado individual das coisas, o conseguir concretizar".

Quanto a balanços, ainda é cedo e, mesmo já com um triunfo, a exigência mantém-se.

"Falta um jogo e tempos de conseguir competir. Se não conseguirmos, o balanço não será tão positivo como aquilo que nós queremos. Acho que conseguimos ser competitivos nos dois primeiros, mas ainda falta este jogo na fase de grupos", finalizou.

Portugal, que começou com um desaire face aos Países Baixos (0-1) e depois bateu o Vietname (2-0), entra para a terceira e última jornada da fase de grupos dependente apenas de si para chegar aos oitavos de final. Para prosseguirem na competição, as Navegadoras têm de vencer os Estados Unidos, esta terça-feira, em Auckland.

No Eden Park, a partir das 19:00 (08:00 em Lisboa), a seleção nacional feminina pode também conseguir o apuramento com um empate, mas, para isso, será necessário que o já eliminado Vietname vença os Países Baixos, à mesma hora, em Dunedin.

Treinador dos EUA elogia seleção portuguesa

O treinador da seleção feminina dos Estados Unidos, Vlatko Andonovski, elogiou a seleção de Portugal e garantiu que o foco das norte-americanas está totalmente no encontro e não em ganhar o Grupo E do Mundial2023.

"Temos um trabalho a fazer e estamos concentrados no nosso jogo. O nosso foco principal é a nossa equipa e Portugal. O outro jogo, não conseguimos controlar", afirmou o técnico macedónio, em conferência de imprensa.

Andonovski respondeu assim quando questionado se também vai estar com um olho no que se passa no embate entre o Vietname e os Países Baixos, já que uma goleada das neerlandesas pode obrigar os Estados Unidos a também marcar muitos golos para vencer o agrupamento.

"O mais importante é chegar aos oitavos de final, não vamos desconcentrarmo-nos. Se começamos a pensar três ou quatro passos à frente, podemos nunca vir a ter essa possibilidade", insistiu, garantindo que todas as jogadoras estão "preparadas para ajudar a equipa a ter sucesso".

O empate serve aos Estados Unidos para seguir em frente, mas Andonovski, que revelou ter uma relação de amizade com Francisco Neto, descrevendo o selecionador luso como "um treinador incrível", não espera facilidades.

"Não vai ser um passeio no parque. Portugal é uma equipa bem orientada, disciplinada, organizada. Não vai ser fácil. Por isso, temos de estar focados em conseguir um bom resultado desde o primeiro minuto", explicou.

O técnico macedónio sabe com o que conta: "Quando [Portugal] jogou com os Países Baixos, a Inglaterra [particular antes do Mundial 2023] ou quando o faz com equipas das mais bem posicionadas no ranking, é mais conservador".

"Portugal vai tentar conseguir o resultado que lhe interessa nas poucas hipóteses que criar. É uma equipa bem organizada na defesa e que vai tentar jogar em contra-ataque, que temos de neutralizar", explicou.

Há dois anos, num amigável em Houston, no Texas, os Estados Unidos venceram por 1-0, mas Andonovski disse que desde então "Portugal cresceu muito e joga muito melhor", pelo que a seleção de 2021 "não dá uma imagem real do que é a equipa agora".

A seleção lusa subiu até ao 21.º lugar do ranking mundial, mas, para efeitos de preparação do jogo, o técnico macedónio vê-a bem mais acima.

"Em que lugar colocaria Portugal? Em segundo neste momento", afirmou, sorrindo, para de seguida se explicar: "Quando jogámos com o Vietname, nós éramos o número 1 e eles o número 2, e com os Países Baixos igual".

Vlatko Andonovski foi claro: "Não preparamos os jogos em função do adversário. Preparamos todos da mesma forma, no máximo, às vezes até além do máximo, de forma a conseguimos executar da melhor maneira".

Quanto às surpresas que têm acontecido no Mundial2023, o técnico afirmou que "esses resultados são avisos de que o ranking não diz nada, não significa nada".

"Temos o máximo respeito por Portugal, como equipa e pelo que joga", frisou, mostrando-se "feliz" por casos como a vitória da Colômbia sobre a Alemanha, segundo da ranking mundial, sem precisar de fazer o "jogo de uma vida", o que "demonstra o crescimento do jogo".

Uma derrota significaria um adeus antes do previsto dos Estados Unidos, uma seleção que venceu quatro de oito edições, incluindo as duas últimas, e nunca caiu antes das meias-finais.

"Desde que me sentei nesta cadeira, em 2019, que tenho pressão, pois sei quais são as expectativas, mas já aprendi a transformar a pressão em entusiasmo e foi com ele que vim para este Mundial, sabendo que temos tudo o que precisamos para vencer", disse o selecionador norte-americano.

Últimas