Um jornalista dinamarquês foi obrigado pelas autoridades qataris a retirar a braçadeira multicolor que exibia. Em reação, Rodrigo Guedes de Carvalho, jornalista da SIC, dirigiu uma mensagem aos telespetadores onde apelou ao respeito dos direitos humanos.
Jon Pagh, o jornalista que está no centro desta situação, foi interpelado por um elemento das forças policiais do Qatar quando se preparava para realizar um direto, em frente ao hotel onde a seleção de futebol dinamarquesa se encontra hospedada.
O polícia qatari pediu a Jon Pagh que retirasse a braçadeira, ao mesmo tempo que tentava afastar a câmara de filmar com a mão, mas sem sucesso. O momento foi captado pelo repórter de imagem e rapidamente chegou aos quatro cantos do mundo.
No seguimento desta polémica, antes de encerrar o Jornal da Noite, Rodrigo Guedes de Carvalho, abordou este que é já um dos temas quentes dos últimos dias, no que diz respeito ao Mundial de futebol.
O jornalista da SIC começou por dizer que não iria colocar o foco na FIFA, nem nas “suas proibições, raspanetes e castigos a jogadores que ousem mostrar uma mensagem que diz ”Um Amor" ".
Referindo-se à campanha “One Love” ("Um Amor", em português) que une várias seleções participantes no Mundial do Qatar, que antes do arranque da prova pretendiam utilizar uma braçadeira multicolor - a que o jornalista dinamarquês trazia colocada no braço - que transmitisse uma mensagem inclusiva, contra a discriminação que se pratica no país organizador da competição.
Rodrigo Guedes de Carvalho prosseguiu afirmando que “é significativo e é grave” e que o jornalismo, embora não possa “exibir preferências políticas, ideológicas, clubísticas, religiosas, pode e deve ser feito com os valores da vigilância e da defesa do bem comum”.
Vincou ainda que o jornalismo "sério" denuncia várias situações atrozes, investiga casos de corrupção e “revela bastidores sórdidos que roubam, humilham, e vitimam a população em geral”.
Apontou que a causa da humanidade é a causa preponderante do jornalismo e que, por essa razão, a braçadeira "One Love" não é "nenhuma bomba ou um míssil que possa assustar regimes".
O jornalista da SIC reforçou que cada ser humano tem o direito de amar quem quiser, e que "sem esta noção básica de tolerância, o caminho para outros perigos à liberdade fica aberto".
Antes da sua habitual mensagem de despedida acrescentou que “a história já nos deu muitas lições”.