Invasão em Brasília

"Ladrões", "Pai Natal" e "imitação barata de Trump" podem explicar tentativa de "destruir a democracia"

A análise do vogal da Associação Brasileira de Portugal e de Ricardo Costa à invasão em Brasília.

Ricardo Costa

SIC Notícias

Os apoiantes pró-Bolsonaro invadiram e vandalizaram os edifícios que representam os três poderes do Estado de Direito brasileiro no domingo. O Presidente Lula da Silva garantiu que os invasores serão punidos e responsabilizou o antecessor. Numa primeira análise ao discurso do chefe de Estado brasileiro, o vogal da Associação Brasileira de Portugal considera que tratou-se de uma "afronta ao povo brasileiro, que não o escolheu". Ricardo da Cunha Amaral Pessôa recusa falar em vandalismo neste caso e aponta o dedo às instituições que geriram o processo eleitoral. Em contrapartida, Ricardo Costa sublinha que os bolsonaristas estão dispostos a "destruir a democracia brasileira".

O vogal da Associação Brasileira de Portugal reconhece que a "manifestação" em Brasília se tratou de um ato constitucional. Assim, recusa tratar os manifestantes por "vândalos". Ricardo da Cunha Amaral Pessôa entende que se tratou de um protesto pacífico, que terá sido aproveitado por algumas pessoas, que se infiltraram e que acabaram detidas.

Questionado sobre se aceita a invasão dos símbolos máximos de um Estado de Direito, Ricardo da Cunha Amaral Pessôa respondeu que "não é normal". Reforça, porém, que os manifestantes estavam na “Casa do Povo”.

"Quando a Casa do Povo tem dois representantes coagidos por um bandido, advogado de bandido, Alexandre de Moraes, eles não vão esperar".

O vogal da Associação Brasileira de Portugal aponta o dedo às instituições, que considera terem sido "bastante levianas na forma como geriram o processo eleitoral". Sem abordar diretamente a invasão do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, responsabiliza também o presidente da Câmara e do Senado, que foram "omissos" quando o povo pediu um travão ao comportamento de Alexandre de Moraes.

Ricardo da Cunha Amaral Pessôa avisa que "não vai ficar por aqui" e considera que o cenário ainda "vai piorar muito", por entender que o povo brasileiro está inconformado.

"Se um bandido saiu da prisão para se sentar dentro da mais alta instância do poder do Brasil, acha que os trabalhadores vão olhar para isto como algo positivo?", indica, chamando Lula da Silva de "ladrão".

Ricardo Costa não nega o resultado das eleições brasileiras e frisa que "não houve uma eleição democrática no Brasil, desde que há democracia brasileira, em que alguém tenha posto em causa os resultados".

O problema que se verifica no Brasil, no panorama político, é que os bolsonaristas estão dispostos a "destruir a democracia brasileira".

"Vocês acreditam no Pai Natal, mas não acreditam no resultado das eleições do Brasil, a não ser que o resultado fosse favorável (...) Isso é o princípio do fim de qualquer democracia", entende Ricardo Costa.

Na sua ótica, milhões de bolsonaristas vivem no mundo da ilusão, que terá sido implantado por Bolsonaro em 2021, quando fez uma live nas redes sociais e conseguiu convencer uma série de pessoas a colocar em causa o resultado das eleições.

"Cruzou-se uma linha sem retorno para impedir a democracia de funcionar, não é o fim do bolsonarismo, mas é o fim de Bolsonaro", considera Ricardo Costa.

“Estão numa imitação do que é o Trump e com uma pessoa que é uma imitação barata de Donald Trump, deviam ter arranjado uma imitação melhor. É uma imitação da loja do chinês e que vai-vos correr muito mal”, conclui.

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