Um grupo de mães de Badajoz, em Espanha, denunciou a utilização de imagens das suas filhas menores geradas por inteligência artificial e que têm sido distribuídas nas redes sociais. As menores aparecem nuas através de diversas montagens fotográficas com as suas caras, segundo o El Mundo.
Existe um grupo de menores cujas caras estão a ser utilizadas em montagens fotográficas com inteligência artificial, onde aparentam estar nuas.
A divulgação terá sido feita em páginas como Onlyfans ou páginas pornográficas, segundo as primeiras denúncias feitas, e tem origem num grupo de WhatsApp criado por alunos de diferentes escolas de Almendralejo.
As imagens tornaram-se virais nos últimos dias na região de Tierra de Barros.
A Polícia espanhola abriu uma investigação e já identificou vários menores alegadamente envolvidos.
Também foram recolhidos depoimentos de sete das vítimas, conforme confirmado pelo delegado do Governo na Extremadura, Francisco Mendoza.
"Foram recolhidos sete depoimentos de sete possíveis vítimas e como resultado da investigação policial, algumas das vítimas foram identificadas", assegurou.
Por sua vez, o autarca de Almendralejo, José María Ramírez, alertou sobre o caso que "pode ter começado como uma piada ou uma ideia de vandalismo, mas o significado é muito maior e pode ter consequências graves para quem tirou essas fotografias, como bem como para os que as divulgam".
Até agora, cerca de vinte menores poderão estar em causa, embora menos de metade tenha apresentado queixa na esquadra.
Como começou
A situação despoletou quando a ginecologista e professora Miriam Al Adib - com milhares de seguidores nas redes sociais – descobriu uma foto com o rosto da própria filha de 14 anos, sobreposto ao corpo nu de outra pessoa.
“As montagens são super realistas, é muito preocupante e verdadeiramente ultrajante”.
As famílias afetadas estão a ponderar a possibilidade de apresentar uma denúncia coletiva sobre os acontecimentos.
Al Adib alertou os autores que as montagens representam um "crime muito grave" e enviou-lhes uma mensagem direta.
“Vocês não estão cientes dos danos que causaram a todas as raparigas. Além disso, não têm conhecimento do crime que cometeram, parem agora.”
Chantagem financeira
Outra das mães afetadas, Fátima Gómez, afirmou ao Canal Extremadura TV que a sua filha foi chantageada.
A mãe relata que, no caso dela, entraram em contacto com a filha pelo Instagram para pedir dinheiro.
O advogado Fernando Cumbres alertou que os autores da montagem podem enfrentar penas de até nove anos de prisão, pelas vítimas serem menores, além de enfrentarem responsabilidades civis, sendo crimes que afetariam também as pessoas que divulgam as imagens.