Incêndios em Portugal

“Fiquei mesmo muito comovido”: gesto de duas crianças emociona Bombeiros da Mêda

Durante os incêndios no concelho da Mêda, duas crianças entregaram uma carta de apoio aos bombeiros locais, num gesto que se tornou símbolo de solidariedade. O bombeiro Carlos Rebelo, profundamente comovido, partilhou a história nas redes sociais. Em entrevista à SIC Notícias, o bombeiro destacou como este ato inesperado trouxe força à corporação num momento de grandes dificuldades e pressão.

Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Mêda

Verónica Moreira

Durante os recentes incêndios que assolaram o concelho da Mêda, um gesto simples e comovente trouxe um pouco de luz em tempos difíceis. Duas crianças decidiram entregar uma carta aos bombeiros da corporação local, numa demonstração de apoio que rapidamente se tornou símbolo de solidariedade e esperança.

A carta chegou às mãos do bombeiro Carlos Rebelo no sábado, dia 15 de agosto, por volta das 11:00, durante um dos maiores incêndios da região.

"Eu estava nas comunicações e chegaram duas senhoras e duas crianças. Suponho que uma delas seria a mãe delas. Vieram oferecer-nos águas e barritas energéticas e entretanto uma das meninas, a mais pequena, disse que me queria dar alguma coisa. A mãe até fez uma cara do tipo 'não ligue, é uma coisa sem jeito'", contou Carlos em entrevista à SIC Notícias.

Ao abrir a carta perante a criança, Carlos diz que ficou profundamente comovido.

"Fiquei mesmo muito comovido. Marcou-me muito. Vieram lágrimas aos olhos, tanto a mim como a vários colegas", acrescentou.

A carta acabou por ser enviada à direção da corporação, que autorizou a sua divulgação, e Carlos decidiu partilhá-la nas redes sociais, para que a comunidade pudesse conhecer este gesto.

Segundo o bombeiro, o impacto da carta foi ainda maior porque, naquela altura, os bombeiros enfrentavam graves dificuldades humanas e materiais para chegar a todos os pedidos de socorro.

"Naqueles dias, era-nos humanamente impossível chegar a todos os pedidos de socorro porque não tínhamos meios suficientes. Com a aflição, houve quem nos tivesse tratado mal, e são estes momentos que nos fazem continuar. Muitos ajudaram-nos com águas, barritas, etc., mas o gesto mais emotivo foi sem dúvida esta carta", explicou Carlos.

As crianças e as suas famílias não eram conhecidas dos bombeiros, o que tornou o gesto ainda mais inesperado e especial. Para Carlos e a corporação, momentos como este recordam o valor do trabalho que realizam.

"Não conhecíamos as crianças de lado nenhum e isso ainda nos marcou mais", concluiu Carlos Rebelo, lembrando que pequenas ações podem fazer toda a diferença, mesmo nos momentos mais difíceis.
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