Mais de metade do continente está em risco máximo de incêndio. As regiões mais preocupantes são no interior norte e centro e no Algarve. O restante território nacional está em risco elevado ou muito elevado. Em entrevista na SIC Notícias, Duarte Caldeira mostra-se frustrado e incrédulo com a "repetição sucessiva" das mesmas falhas no combate aos fogos florestais.
"Alguma coisa aqui está a falhar. Não faz qualquer sentido que se perspetive num dispositivo que está consolidado ao longo dos últimos anos, do número de meios aéreos que é necessário para robustecer a vertente do combate aos incêndios florestais e que se chega à altura em que eles têm necessidade de ser disponíveis e portanto estarem a operar, não existirem", realça.
O helicóptero que está inoperacional no Alto Minho é um exemplo de uma situação que pode ter prejudicado o incêndio de Ponte da Barca.
"Com os meios que estão disponíveis, quem está a gerir o dispositivo tem que, obviamente, em cada momento, fazer uma reflexão de prioridades".
"Ora, isto não faz sentido, não tem mais sentido nós, passados estes anos todos, continuarmos a ter decisores políticos, a reclamar a outras decisões políticas, a mobilização excecional de meios, quando esses meios estão padronizados, quando existem responsáveis de decisão operacional que se estão nessas funções é porque lhes foi reconhecido qualidade para efeito e, portanto, 25 anos depois de observar isto eu continuo frustrado por continuar a verificar de uma forma absolutamente incrédula a repetição sucessiva das mesmas variáveis que acompanham este fenómeno ao longo de todos estes anos", explica o presidente do Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil.
Duarte Caldeira tem acompanhado o fenómeno dos incêndios florestais em Portugal nos últimos 25 anos: "12 anos como presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses e os 13 restantes como estudioso destas matérias, não me surpreende o estarmos de novo na presença, quer de incêndios, quer de todas as nuances que com eles se corelacionam".