Incêndios em Portugal

Proprietários florestais avisam que Estado deve apostar mais na prevenção do que no combate aos incêndios

Para a Associação de Produtores Florestais, o problema não se resolve a multar quem não limpa os terrenos.

Catarina Lúcia Carvalho

Eurico Bastos

O período de limpeza obrigatória de terrenos terminou a 31 de maio e a partir do dia seguinte começou a fiscalização da GNR. Até junho, os dados da GNR davam conta de 10.251 casos sinalizados de falta de limpeza de terrenos florestais e agrícolas.

"Os casos que conheço é até mais de pedagogia porque as pessoas quando recebem isso vêm ter connosco ou com empreiteiros florestais e tentam resolver a situação. O grande problema é que às vezes o tempo para fazer isso é curto e não há disponibilidade para fazer tudo", garantiu Luís Dimas, da Federação Nacional das Associações de Proprietários Florestais.

De 2018 a 2023, houve mais de 26 mil (26.140) coimas aplicadas.

Para proprietários singulares a multa pode ir dos 240 euros aos 5 mil euros, para empresas pode chegar aos 25 mil euros.

Sendo que limpar um hectare "custa por volta dos 750 euros, dependendo do declive e do mato que tenha", disse à SIC Luís Dimas.

Entre 2020 e 2023 as multas permitiram ao Estado arrecadar cerca de dois milhões e meio de euros.

Contudo, "não é com as multas que resolvemos este problema, é com mais medidas de prevenção", garantiu Luís.

Para a Associação de Produtores Florestais, limpar 50 metros à volta de casas ou 100 metros à volta das povoações é apenas uma gota no trabalho de prevenção de incêndios.

“Nós queremos que não seja só esse bocadinho ao pé das casas nem dos aglomerados. Queremos é que se gaste muito dinheiro na prevenção dentro da floresta para que os incêndios quando chegarem não tenham grandes dimensões”, disse ainda.

De acordo com dados da GNR, entre 2018 e 2023, os maiores incumprimentos da limpeza de terrenos foram registados nos distritos de Santarém, Castelo Branco, Braga, Coimbra e Aveiro.

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