Incêndios em Portugal

"É preciso lidar com as pessoas e reduzir o número de ignições”, refere especialista em ecologia do fogo

Joaquim Sande Silva explica como se chegou à situação dramática que se vive hoje em vários pontos da zona centro e o que, no seu entender, pode ser feito para evitar esta escalada de incêndios.

SIC Notícias

O incêndio que lavra em Albergaria-a-Velha e noutras localidades no distrito de Aveiro já atingiu pelo menos 20 casas e deixou vários desalojados, tendo causado ainda ferimentos em quatro pessoas. Joaquim Sande Silva, especialista em ecologia do fogo, explica como se chegou à situação dramática que se vive hoje em vários pontos da zona centro do país.

“Nestes meados de setembro, temos um processo secura acumulado muito grande e, portanto, mantendo-se as outras circunstâncias que é, continuamos a ter um número elevado de ignições, infelizmente, e portanto, o resultado é este”, realça Sande Silva.

Quanto às circunstâncias climatéricas, como o vento, o especialista sublinha: “Há vento, mas não há nenhum ciclone, não há nenhum tornado, há vento forte e, portanto, temos que saber lidar com isso”.

O especialista valoriza sobretudo a seca prolongada e a ocorrência de ignições em zonas onde já ocorreram incêndios e que, também por isso, acabam por se transformar em áreas com matéria combustível.

"Devemos também falar da da componente da vegetação e do tipo de combustíveis, nomeadamente nas zonas que estão a arder neste momento, nomeadamente na zona de Albergaria-a-Velha, em zonas que muitas delas já arderam antes e por cada incêndio que passa, normalmente as condições de propagação de combustíveis passado alguns anos ficam piores do que estavam antes, porque há um abandonar das áreas que antes eram geridas.

Há uma uniformização do combustível e o fogo passa a ter melhores condições para se propagar”, esclarece Sande Silva.

"Se não houver ignições, não há início de fogo, não há incêndios"

Questionado sobre se esta situação era evitável, o especialista em ecologia do fogo diz que, no plano teórico seria possível, mas que essa é a parte mais difícil de resolver.

“Aquilo que está se calhar mais ao nosso alcance é lidarmos com as pessoas e fazermos aquilo que temos vindo a fazer ao longo dos anos com algum sucesso, que é reduzir o número de ignições”.

“Portanto, se não houver ignições, não há início de fogo, não há incêndios, mas apesar de tudo e apesar do muito trabalho que tem sido feito, continuamos a ter um número muito elevado de ignições e, portanto, e quando olhamos para o mapa de incêndios neste momento estamos com um número muito elevado de ocorrências que depois acaba por saturar o sistema de combate”, resume Sande Silva.

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