Guerra Rússia-Ucrânia

Rússia acusa Noruega de "enriquecer com sangue" ao apoiar Ucrânia

A Noruega anunciou, recentemente, um novo apoio de 604 milhões de euros para sistemas de defesa aérea para a Ucrânia. Um apoio que é visto com maus olhos por Moscovo.

Maxim Shemetov/AP Photo

Lusa

A Rússia acusou a Noruega de ser um falso pacificador que usa o fornecimento de armas à Ucrânia para "enriquecer com sangue". A acusação foi feita, esta sexta-feira, pela porta-voz da diplomacia russa. 

"Observamos os esforços cada vez maiores desse país para fortalecer militarmente o regime neonazi de Kiev", afirmou Maria Zakharova, durante uma conferência de imprensa em Moscovo. 

Zakharova aludiu ao papel que o país nórdico tem desempenhado a favor da paz ao longo dos anos, para criticar o apoio de Oslo a Kiev. 

"Parece que a Noruega se tornou um falso pacificador, que está a usar com sucesso o fornecimento de armas à Ucrânia (...) para o seu próprio enriquecimento", afirmou Zakharova. "Na verdade, trata-se de enriquecimento com sangue. 

A Noruega, membro da NATO, é uma dos países que apoiam financeiramente a Ucrânia para fazer face à invasão russa, ordenada pelo Presidente Vladimir Putin em fevereiro de 2022. 

O primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Store, anunciou em agosto, durante uma visita a Kiev, um novo apoio de 7.000 milhões de coroas norueguesas (604 milhões de euros, ao câmbio atual) para sistemas de defesa aérea para a Ucrânia. 

Dinamarca também é alvo

Zakharova também disse que a Rússia tomará medidas adequadas contra a Dinamarca, por o país planear produzir combustível para foguetes para a Ucrânia. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros afirmou que, "de acordo com especialistas dinamarqueses", os trabalhos para iniciar a produção estão a decorrer com uma "pressa frenética, ignorando os requisitos básicos de segurança". 

A Rússia "continuará a defender com firmeza e determinação os seus interesses legítimos e tomará medidas técnico-militares adequadas para mitigar as ameaças emergentes à segurança nacional", afirmou, sem especificar, segundo a agência de notícias russa Ria Novosti. 

Zakharova afirmou ainda que as autoridades ucranianas ordenaram uma mobilização militar de emergência para compensar as perdas que, segundo disse, têm sofrido nos combates com as tropas russas. Referiu que Kiev tenciona recrutar mais de 120.000 efetivos, "devido à escassez catastrófica de combatentes na linha da frente". Nesse sentido, acusou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de enviar ucranianos para a morte com dinheiro dos aliados ocidentais, segundo a agência de notícias russa TASS. 

A Rússia intensificou nos últimos meses as operações militares no leste da Ucrânia e tem anunciado, quase diariamente, avanços na linha da frente. As tropas russas ocupam cerca de 20% do território da Ucrânia. 

Desde o início da invasão, Moscovo anunciou a anexação das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, depois de ter anexado a Crimeia em 2014. A Ucrânia e a generalidade da comunidade internacional não reconhecem a soberania russa nas cinco regiões ucranianas. Kiev exige a retirada das tropas russas do seu território e Moscovo alega que a Ucrânia tem de enfrentar a nova realidade territorial.

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