Guerra Rússia-Ucrânia

Militares russos condenados por tortura e homicídio de subordinados

Os factos ocorreram na primavera de 2023, quando os soldados da divisão publicaram vídeos com queixas sobre abusos por parte de superiores, que os usaram como "carne para canhão".

ALEXANDER NEMENOV

SIC Notícias

Um coronel e um sargento do Exército russo foram condenados por um tribunal militar a 18 e 20 anos de prisão por tortura e assassínio de subordinados, informou, esta quarta-feira, o portal independente Mediazona.

De acordo com a publicação, citada pela agência EFE, o Tribunal Militar do Sul condenou o coronel Yevgeny Malishko a 20 anos de prisão no dia 6 de fevereiro, despromoveu-o e retirou-lhe as suas condecorações.

Por sua vez, o sargento Roman Timonin foi condenado pelo mesmo tribunal a 18 anos de prisão, o que o privou da patente militar e das condecorações.

O tribunal da cidade russa de Rostov no Don recusou-se a fornecer detalhes dos casos à Mediazona, mas estes foram publicados pelo meio de comunicação ucraniano Suspilne, segundo o qual ambos os militares foram indiciados por acontecimentos ocorridos em meados de 2023 na Sexta Divisão Motorizada das Forças Armadas Russas.

O alferes Yevgeny Chukanov está a ser julgado pelo mesmo motivo, observou a Mediazona.

Os três foram acusados de torturar e de cometer assassínios de duas ou mais pessoas indefesas com especial crueldade, além de se organizarem para ocultar os crimes.

Dois deles são também acusados de profanação dos corpos dos assassinados e um de abuso de poder através de armas com consequências graves.

Os jornalistas ucranianos da Suspilne tiveram acesso à decisão do tribunal russo contra os chefes da divisão russa pelo assassínio de pelo menos sete subordinados.

"Violaram a disciplina, recusaram-se a seguir ordens"

Os factos, observou a Mediazona, ocorreram na primavera de 2023, quando os soldados da divisão publicaram vídeos com queixas sobre abusos por parte de superiores, que os usaram como "carne para canhão".

Segundo os investigadores, o comandante da divisão, Marat Ospanov, ordenou a punição de 19 soldados que "violaram a disciplina, recusaram-se a seguir ordens".

Os alegados infratores foram detidos e transferidos para celas localizadas na cidade ucraniana de Popasna, na região leste de Lugansk e sob controlo russo, onde foram sujeitos a espancamentos e tortura prolongados e depois executados para ocultar a sua detenção ilegal e maus-tratos.

Os soldados foram levados num carro UAZ Patriot para a cidade de Bajmutovske, na região anexada de Donetsk, no leste da Ucrânia, e, depois de serem trancados numa cave, "pelo menos cinco granadas F-1" foram lançadas contra eles. Os sobreviventes foram executados a tiro.

Os cadáveres e o veículo foram posteriormente queimados.

- Com Lusa

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