Na chegada a Kiev, numa altura decisiva para as negociações do cessar-fogo, Paulo Rangel lembra a incerteza do momento e resfria a esperança com cautela extrema.
"Não estou nada seguro de que a Federação Russa vá aceitar um cessar-fogo nestes termos”, admitiu o ministro português dos Negócios Estrangeiros, esta sexta-feira, em visita à Ucrânia.
A visita serve para fortalecer os laços entre os dois países e reforçar o apoio português à integração da Ucrânia na União Europeia - mas sem especificar as garantias de segurança que Portugal vai dar quando o cenário de paz for uma realidade. Paulo Rangel diz que é “extemporâneo” e "precoce" falar das garantias de segurança e das futuras missões de paz.
Primeiro, é preciso desbravar ainda mais caminho para chegar à paz - e Portugal quer estar presente nesse e noutros processos, como a reconstrução ou a educação. Uma escola integrada num hospital pediátrico é um dos locais que vão ter investimento e colaboração de Portugal.
Do encontro com o homólogo ucraniano sai uma nota em comum: a Ucrânia e a Europa têm de estar na mesa das negociações. Em Kiev, há uma certeza:não há cessar-fogo à custa de território.
O último ponto da agenda de Rangel na Ucrânia foio encontro com Volodymyr Zelensky, que o ministro português descreve como um presidente determinado e confiante na concretização de um cessar-fogo de 30 dias. Mas, à saída - tal como à chegada - o chefe da diplomacia portuguesa mantém a desconfiança quanto à decisão da Rússia.
"Não chamaria cepticismo. É um conhecimento das posições que a Federação Russa, e nomeadamente o regime de Putin, tem vindo a tomar. Temos de manter a pressão alta", concluiu.