Na região de Donetsk não há dias de folga. Nas povoações próximas da linha da frente, as bombas continuam a cair e os pedidos de evacuação multiplicam-se.
Há três anos que Eduard e Roman retiram civis de áreas de risco. Procuram um casal que parou em Kramatorsk, depois de ter sido resgatado de uma cidade destruída pela guerra.
A Fundação de Caridade East SOS, da qual fazem parte, já retirou 87 mil pessoas. Nem sempre é fácil encontrar aqueles que pedem ajuda.
Svitlana e Oleksandr viveram três anos numa cave em Siversk, sem água, sem gás e sem eletricidade. A gota de água foi quando um projétil explodiu, ferindo o filho e um amigo. Aos poucos, a família afasta-se das explosões e volta a conhecer o silêncio.
Mas antes há mais uma pessoa à espera de ser resgatada.
Com a aproximação da cidade de Byletske é sinal que temos de vestir o equipamento de proteção. Os coletes anti-balas e também os capacetes porque a cidade de Byletse fica a caminho de Pokrovsk, onde decorrem os combates mais intensos.
Pede para não a filmarmos pois não se sente confortável com a câmara, Natália tem cancro e não gosta de se ver.
"Eu tomei muitos analgésicos. Custa-me muito porque estou sozinha. Não tenho nem família nem ninguém. Enterrei-os a todos. O meu marido era de Chernobyl e está enterrado lá. O meu filho tinha 14 anos quando o enterrei. Não sou nem avó, nem mãe, não sou ninguém" desabafa.
Sozinha, enfrenta o desconhecido com a esperança de um regresso a casa.