Zelensky sugeriu, na semana passada, que seria possível alcançar um acordo de cessar-fogo se o território ucraniano que Kiev controla fosse colocado "sob a alçada da NATO", o que lhe permitiria negociar a devolução do restante território posteriormente, "de forma diplomática". Para o jornalista da TSF e comentador da SIC Ricardo Alexandre, esta alteração do discurso do presidente ucraniano é "dúbia e confusa".
"Percebe-se a urgência de Zelensky, [até porque] esta semana há Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros dos Países da NATO, portanto, uma reunião da NATO ao nível ministerial. E Zelensky gostaria que surgisse aí um convite para a Ucrânia aderir à NATO", começou por explicar o jornalista, considerando que o convite não vai acontecer porque o país está em guerra.
O comentador SIC realçou que não poderá surgir um convite a um país apenas para uma parte do seu território, dado que outra parte está ocupada por outra força.
Além disso, mesmo que a guerra parasse com a garantia da Ucrânia entrar para a NATO, não se sabe se a Rússia aceitaria tais condições. E, por outro lado, "uma coisa é o convite, outra coisa é plena adesão, [porque essa] só pode acontecer quando o convite for aceite e ratificado pelos parlamentos dos 32 estados-membros", destacou Ricardo Alexandre.
"Eu tenho algumas dúvidas de que algum desses países, principalmente alguns países que estão a virar para uma linha mais próxima de Moscovo e já não se fala apenas da Hungria, não pudesse, no fim da linha, roer a corda à Ucrânia", começou por considerar o jornalista.
"Tenho algumas dúvidas sobre se hoje em dia seria uma decisão fácil de tomar por parte da Câmara dos Representantes, controlada pelo Partido Republicano, com o Senado republicano e com uma administração Trump na Casa Branca", concluiu.
Joe Biden indulta o filho Hunter
O presidente norte-americano indultou esta segunda-feira o filho em três condenações relacionadas com posse de armas e ocultação de consumo de drogas às autoridades, argumentando que tiveram motivações políticas. O comentador SIC considerou "não ser muito correto", mas ao mesmo tempo demonstra que Joe Biden "tem de receios sobre a independência do sistema judicial com a nova administração" Trump.
"Temos as várias insinuações feitas pelo então candidato, entretanto, presidente eleito, Donald Trump, de que iria usar a justiça para perseguir adversários políticos. Isso foi dito das mais variadas formas, das mais variadas circunstâncias e, portanto, [Joe Biden indultar o filho] é como que uma forma de poder proteger-se e poder proteger" Hunter.
Joe Biden inicia visita de três dias a Angola
O presidente norte-americano inicia esta segunda-feira uma visita de três dias a Angola, na qual deverá fazer vários anúncios sobre o corredor do Lobito, mas também em áreas como saúde, segurança alimentar ou agronegócio. Ricardo Alexandre salientou que "não deixa de ser Washington a correr atrás do prejuízo", porque os "Estados Unidos estão a tentar recuperar alguma da influência do prestígio dos investimentos que as potências fazem nesses países africanos".