Guerra Rússia-Ucrânia

Aproximação entre Putin e Kim Jong-un revela "o isolamento e a limitação" da Rússia

Germano Almeida, comentador da SIC, analisa a relação entre as duas potências militares e de que forma a China encara esta aproximação.

SIC Notícias

Germano Almeida

O líder da Coreia do Norte reuniu-se esta quarta-feira com o Presidente Putin, durante uma visita excecional à Rússia destinada a reforçar as suas relações, em particular as militares e convidou o homólogo russo a visitar o país. Putin aceitou o convite, mas ainda não há data para a visita. Germano Almeida, comentador da SIC, aborda esta e outras questões na sua análise na SIC Notícias.

Germano Almeida vê com naturalidade esta aproximação e refere que esta é a única solução "que resta à Rússia" já que a Comunidade Internacional se tem vindo a afastar da nação.

Putin "está muito limitado na sua mobilidade física", prossegue o comentador que explica que o mandado de detenção internacional emitido pelo Tribunal Penal Internacional isolou ainda mais o líder. Desse modo, um acordo com o único grande aliado representa para Moscovo um aumento do ‘stock’ de artilharia e mísseis antitanque.

Não esquece a China e questiona como é que o país olha para esta aproximação entre as duas potencias militares:

"A China é 90% do fornecimento à isolada Coreia do Norte. Como é que a China vê a Rússia agora a aproximar-se da Coreia do Norte? É um elemento importante. Na segunda-feira, o chefe da diplomacia chinesa vai estar em Moscovo com Lavrov".

Rússia “não ganha muito” com aproximação à Coreia do Norte

Em relação a uma eventual visita de Putin a Pyongyang, Germano Almeida ressalva que tal pode não acontecer e que poderá ser apenas Lavrov a deslocar-se à Coreia do Norte.

Volta a frisar que existem interesses militares e de posicionamento nesta aproximação, mais por parte de Kim Jong-un, ressalva, contudo a mesma só mostra "o isolamento e a limitação" da Rússia, que não “ganha muito”, entende o comentador.

O “apelo da História” a que se referia Von der Leyen

No discurso desta quarta-feira do Estado da União, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a Europa deve responder aos apelos da História. Von der Leyen referia-se, para além da adesão da Ucrânia à União Europeia, à "necessidade de travar a Rússia e de fazer prevalecer o espaço da Europa democrática", aponta Germano Almeida.

Acrescenta que a presidente da Comissão Europeia tem tido um mandato de elevada exigência composto por problemas como o Brexit, a pandemia e, mais recentemente, a guerra da Ucrânia.

Em relação ao seu discurso de ontem nota que a presidente da Comissão Europeia passou a mensagem de que a Ucrânia deve e vai continuar a ser ajudada e que o alargamento “exige critérios de mérito”, mas também "mais investimento e segurança por parte da União Europeia".

A “grande novidade” no terreno

Relativamente aos avanços no terreno de guerra, o comentador destaca que a "grande novidade" nos últimos dias foi o ataque ucraniano, a 11 de setembro, às plataformas russas do Mar Negro, em Sebastopol.

Afirma que este ataque afetou navios russos que se encontravam em reparação e condicionou o acesso às reservas de energia por parte da Rússia.

"A Ucrânia já admitiu que vai usar isso [reservas de energia do mar Negro] para o próprio abastecimento. Isso é um 'game changer' (…) Biden já recebeu a indicação do conselho de segurança nacional e do Pentágono para aprovar os mísseis táticos de longo alcance que ainda não tinha dado", informa.

Diz ainda que os EUA já perceberam que a chave para a contraofensiva pode estar na Crimeia, dado os últimos sucessos ucranianos nesse território.

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