Guerra Rússia-Ucrânia

"Bakhmut pode ser uma primeira manobra de diversão e a ofensiva em massa ser noutro local"

Os últimos desenvolvimentos da guerra na Ucrânia em análise na SIC Notícias por Germano Almeida.

Germano Almeida

SIC Notícias

A contraofensiva ucraniana pode já ter começado com a batalha por Bakhmut, no leste do país. Um vídeo do exército ucraniano mostra o que pode ser o início dos ataques. O comando militar assegura que as tropas de Kiev estão a ganhar terreno e que já obrigaram à retirada de uma brigada russa da cidade no Donbass. Em Istambul, continuam as negociações sobre a exportação de cereais ucranianos e fertilizantes russos. Está ser discutido o alargamento do acordo que termina na próxima semana. Estes são os temas em análise pelo comentador da SIC, Germano Almeida, esta manhã.

"Aqui no Ocidente não temos ainda conhecimento dos planos, portanto há uma ideia ucraniana de isto é só o começo e ninguém sabe onde é que na verdade essa contraofensiva pode ser feita porque a questão de Bakhmut pode ser uma primeira manobra de diversão e o essencial e a ofensiva em massa ser noutro local", diz Germano Almeida.

O comentador lembra que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tinha prometido uma semana muito produtiva e que Kiev está a estudar vários cenários para lançar a contraofensiva. Em relação a Bakhmut, sabe-se também que a Rússia mantém pressão sobre a cidade.

Acordo de cereais negociado em Istambul

“Sabemos que [o acordo] chegou a um ponto quase de rotura há uns dias e agora há sinais de uma certa melhoria". "A própria Rússia está a dizer que possivelmente o acordo vai ser renovado. A Rússia está a fazer tudo para tirar vantagem da necessidade de haver este prolongamento”, explica Germano Almeida.

Contudo, o comentador da SIC realça que Moscovo tem uma alternativa, tem um trunfo inesperado para o caso de correr mal este acordo que junta ONU, Turquia, Rússia e Ucrânia.

"A Rússia está a preparar um grande acordo com a China, no sentido de um corredor de cereais pronto até 1 de outubro, pela Sibéria, para o Extremo Oriente, usando um novo corredor terrestre entre a Rússia e a China".

Moscovo tem, assim, uma "alternativa com a China se não resultar este acordo", sublinha Germano Almeida.

Ministro dos Negócios Estrangeiros da China em Berlim

Sobre a deslocação do chefe da diplomacia chinesa à capital alemã, o comentador lembra que Pequim mantém o interesse em avançar com o acordo de paz e mediar o conflito entre Rússia e Ucrânia. Contudo, as partes não parecem interessadas nessa mediação.

Em relação ao papel da União Europeia (UE) na relação com a China no que diz respeito à guerra na Ucrânia, Germano Almeida considera: “Falta saber exatamente o que é que a China quer e o que é que nós queremos com a China”.

Últimas