Guerra Rússia-Ucrânia

"Não vejo uma luz ao fundo do túnel", mas houve "passos concretos" entre China e Ucrânia

Para José Milhazes o telefonema entre Xi Jinping e Zelensky foi importante porque se estabeleceu um diálogo direto entre os dois países e "a criação deste canal poderá ser importante para o processo de paz".

SIC Notícias

José Milhazes

O Presidente chinês Xi Jinping garantiu esta quarta-feira ao homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, que a China esteve sempre do lado da paz. A afirmação foi feita durante uma chamada telefónica entre os dois Presidentes.

Xi Jinping disse que conversou com o homólogo ucraniano "sobre a questão da crise na Ucrânia, a China esteve sempre do lado da paz e a sua posição central é promover negociações de paz”. O líder chinês disse ainda que o diálogo e a negociação são a única saída para o conflito com a Rússia.

Para o comentador da SIC, José Milhazes, este telefonema representa um passo importante para uma futura solução do conflito em torno da Ucrânia. Esta chamada “teve passos concretos: a nomeação de um embaixador chinês especial para tratar da questão ucraniana”, disse Milhazes.

“O embaixador nomeado foi durante 10 anos embaixador da China em Moscovo e é de sublinhar que a Ucrânia anunciou que irá nomear embaixadores para a Índia e o Brasil ou seja uma tentativa clara de Zelensky de trazer para a regularização deste conflito o países dos BRICS”, explicou.

Quais são os países dos BRICS?

BRICS é um termo utilizado para designar o grupo de países de economias emergentes formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

A China divulgou um documento de 12 pontos em fevereiro que descreve a sua posição sobre o conflito na Ucrânia. A iniciativa, às vezes vista como um plano de paz, insta principalmente Moscovo e Kiev a manterem conversações. Apesar de Pequim ter feito uma visita à Rússia não o descredibiliza como mediador do acordo de paz entre russos e ucranianos e mostra que “pelo menos tentaram mudar alguma coisa”.

“A China não é parte do conflito é um membro neutro e desse modo demarca-se do seu aliado russo. Os russos consideram que poderá haver uma aproximação entre a Ucrânia e a China. O problema vai estar na fórmula que vai ser encontrada para resolver esta situação”, questionou Milhazes.

E a contraofensiva ucraniana vai ser bem sucedida?

A Ucrânia prepara uma contraofensiva, ainda sem data, com o objetivo de recuperar parte dos seus territórios ocupados pela Rússia. Segundo José Milhazes, citando imprensa internacional, “ neste momento, falamos em várias datas para a contraofensiva da Ucrânia” e que este é o “segredo mais bem guardado dos dirigentes ucranianos”. Isto porque, esta contraofensiva vai ser decisiva não só para o futuro do conflito, como para o futuro do país.

“Se a ofensiva falhar a situação irá tornar-se extremamente complicada para a Ucrânia e até para o próprio ocidente. Teremos que decidir o que fazer face a uma derrota da Ucrânia”, afirmou o comentador da SIC.

José Milhazes não está “convencido que o conflito termine, a Rússia vai continuar a resistir" e não vê “uma luz ao fundo do túnel”. Para o comentador este conflito ainda vai demorar muito tempo.

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