Guerra Rússia-Ucrânia

Rússia retira credenciais a cônsul português: “Troca de galhardetes já se tornou muito comum”

Para José Milhazes, esta decisão pretende mostrar que a Rússia "não perdoa nenhum tipo de ação dirigida contra" os seus diplomatas. Alerta, no entanto, que se Portugal reagir de igual forma poderá ficar em risco "de fechar a embaixada em Moscovo".

José Milhazes

SIC Notícias

O Kremlin retirou as credenciais ao cônsul honorário português em Nizhni Novgorod. Acácio Durães era cônsul de Portugal naquela cidade, uma importante zona industrial a sul de Moscovo. Para José Milhazes, esta decisão parece tratar-se de “uma retaliação contra a tomada de posição do Ministério dos Negócios Estrangeiros português”.

“A Rússia tenta mostrar que não perdoa nenhum tipo de ação dirigida contra os seus representantes diplomáticos. Por isso, este empresário português Acácio Durães, que era cônsul honorário, reconheceu, numa conversa que tivemos, que parece tratar-se, claramente, de uma retaliação pela tomada de posição do Ministério dos Negócios Estrangeiros português em relação ao cônsul honorário da Rússia em Faro, por alegadas ligações ilegais à concessão de vistos gold”, afirma o comentador em declarações à SIC Notícias.

José Milhazes sublinha que esta “troca de galhardetes já se tornou muito comum”, mas alerta que Portugal tem um “número muito limitado de diplomatas” na Rússia.

“Nós temos algumas dezenas de diplomatas russos acreditados em Lisboa. E portugueses [na Rússia] temos três ou quatro. Se reagirmos de uma forma igual, no fim de contas, acabaremos por ter de fechar a embaixada em Moscovo, porque a embaixada tem muito poucos funcionários”, explica. “Nós não podemos dar uma resposta exatamente igual à russa porque corremos o risco do encerramento da embaixada em Moscovo.”

O comentador da SIC sublinha a importância de manter a embaixada portuguesa em Moscovo, de forma a conseguir manter uma comunicação com o país. Por essa razão, uma retaliação de Portugal a esta decisão “não seria o melhor passo”.

“É sempre preciso manter algumas linhas de contacto, nem que seja com o diabo. Porque mais tarde ou mais cedo, até pode ter de se falar com o diabo e, nesse caso, nós teremos ainda algum meio de comunicação para chegar a esse diabo.”

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