Guerra Rússia-Ucrânia

Compreender o conflito: Bakhmut, caças e cereais

A Ucrânia como "laboratório de combate" para o Irão, os ganhos territoriais da Rússia este ano, uma possível conspiração pró-russa na Moldávia ou os mais de 40 mil bombardeamentos russos. Um artigo de Germano Almeida, comentador SIC.

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Germano Almeida

1 - ESTÁ A CHEGAR A HORA DECISIVA DE BAKHMUT

Faltam quatro quilómetros para encurralar as tropas ucranianas em Bakhmut. "Os combates ocorrem nas ruas da cidade. A maior ameaça é que o 'gargalo' da bolsa de resistência não ultrapassa os quatro quilómetros e impede os fornecimentos de munições", disse Denis Yaroslavsky à TV Espresso. O oficial ucraniano disse que a situação em Bakhmut poderá repetir o ocorrido em Debaltsevo em 2015, quando as tropas ucranianas ficaram encurraladas pelas forças da República Popular de Donetsk. As forças russas do grupo Wagner assumiram o controlo da maior parte da parte oriental da cidade de Bakhmut, na região de Donetsk, nos últimos quatro dias. Agora, a linha de frente passa pelo centro ao longo do rio Bakhmutka. As Forças Armadas da Ucrânia controlam a parte ocidental da cidade e as pontes críticas sobre o rio Bakhmutka. Foi um fim-de-semana sangrento: a Ucrânia diz que morreram 221 soldados russos em Bakhmut no sábado, Rússia fala em 210 soldados ucranianos mortos.

2 - NOVIDADES NA FRENTE SUL

Noutra frente, mais a Sul, as forças armadas ucranianas não têm recursos suficientes para lançar uma ofensiva em grande escala na margem esquerda do rio Dniepre, na região de Kherson.

3 - MAIS PRESSA NOS CAÇAS

Dmitry Kuleba, ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, admitiu que, a serem entregues, os aviões de combate que Kiev tem pedido aos seus aliados não chegarão a território ucraniano num futuro próximo. Kuleba diz que um calendário curto para a entrega dos caças não é um cenário real, "uma vez que esta é uma tarefa muito complicada do ponto de vista material e técnico". Ainda assim, e sem garantias absolutas de que estes equipamentos venham a ser entregues, Kuleba defende que "o treino de pilotos ucranianos deve começar de imediato" para que "quando a decisão de entregar os aviões for tomada não seja necessário muitos meses nessa tarefa". Disse ainda que a escassez de munição era o problema "número um" na tentativa da Ucrânia de repelir a invasão russa. Os fabricantes alemães de armas alemães disseram, na Conferência de Segurança de Munique, que estavam prontos para entregar, mas esperavam que o governo assinasse os contratos. "Portanto, o problema está no governo".

4 - CANADÁ PROÍBE AÇO E ALUMÍNIO RUSSO

O Canadá proibiu as importações de aço e alumínio vindos da Federação Russa, para "cortar ou limitar os rendimentos que servem para financiar a invasão ilegal e bárbara da Ucrânia.

5 - MAIS DE 40 MIL BOMBARDEAMENTOS RUSSOS À UCRÂNIA

A Rússia bombardeou a Ucrânia mais de 40.500 vezes desde o início da guerra. Os bombardeamentos russos destruíram mais de 152 mil edifícios residenciais, segundo o ministro do Interior ucraniano, Ihor Klymenko. O ministro acrescentou que foram abertos 66.300 procedimento criminais por crimes de guerra cometidos pelas tropas russas desde fevereiro de 2022.

6 – REGIÕES DO LESTE DA RÚSSIA MAIS AFETADAS COM BAIXAS NA GUERRA

As regiões do leste da Rússia estão a ser as mais fustigadas pelas baixas na guerra. A análise dos serviços de informação britânicos indica que as regiões do leste da Rússia estão a sofrer mais com as baixas dos seus soldados na guerra da Ucrânia. "Em proporção à dimensão da sua população, as cidades mais ricas de Moscovo e São Petersburgo foram deixadas relativamente ilesas (...) Em muitas das regiões orientais, é provável que as mortes ocorram, em percentagem da população, a uma taxa 30 vezes superior à de Moscovo. Em alguns lugares, as minorias étnicas são as mais afetadas; em Astrakhan [cidade russa] cerca de 75% das baixas provêm das populações minoritárias cazaques e tártaras".

7 – PUTIN DEVE VISITAR CRIMEIA NO SÁBADO

Vladimir Putin poderá ir à Crimeia no sábado, 18 março, no nono aniversário da anexação russa. E o presidente russo deve também estar presente na Cimeira do G20, a 9 e 10 de setembro, em Nova Deli, na Índia. A decisão ainda não está fechada, cabendo ao Presidente russo decidir se se desloca à Índia.

No ano passado, Putin acabou por não estar presente na cimeira acolhida pela Indonésia.

8 – MOLDÁVIA APONTA CONSPIRAÇÃO PRÓ-RUSSA

A polícia moldava afirma ter desmascarado uma conspiração dos grupos pró-russos treinados para causar distúrbios sérios durante uma manifestação contra o Governo pró-ocidental. Um agente infiltrou-se em grupos de "diversionistas", entre os quais se encontravam cidadãos russos a quem tinham sido prometidos 10 mil euros para criarem "distúrbios sérios" que destabilizassem a Moldávia. Vinte e cinco homens foram interrogados pelos investigadores e sete deles ficaram detidos. As autoridades moldavas agiram depois de "receberem informações sobre a organização, pelos serviços especiais russos, de ações desestabilizadoras no território moldavo através de manifestações".

9 – UCRÂNIA "LABORATÓRIO DE COMBATE" PARA O IRÃO

A Ucrânia é "laboratório de combate" para testar armas iranianas, diz um oficial dos EUA. Um alto funcionário norte-americano avisou que a Ucrânia se está a tornar um "laboratório de combate" para por à prova o armamento produzido no Irão. "Todos devem preparar-se para os possíveis cenários de ameaça quando o Irão pegar nas táticas, nas técnicas e nos procedimentos que aprendeu na Ucrânia e começar a usar táticas coercivas aqui".

10 – EUA NÃO ESPERAM "GRANDES GANHOS TERRITORIAIS" DA RÚSSIA ESTE ANO

É pouco provável que a Rússia capture significativamente mais território este ano, disse a diretora dos serviços de informação dos Estados Unidos, Avril Haines. "Não prevemos que os militares russos recuperem o suficiente este ano para obterem grandes ganhos territoriais", afirmou a responsável numa audiência no Senado. Os militares russos não deverão ser capazes de manter o atual nível de combate, mesmo com a possível captura de Bakhmut. No entanto, Haines refere que o Presidente russo "calcula que o tempo joga a seu favor". Vladimir Putin acreditará que prolongar a guerra, com pausas intermitentes nos combates, "pode ser o melhor caminho para eventualmente assegurar os interesses estratégicos russos na Ucrânia, mesmo que isso leve anos".

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