Guerra Rússia-Ucrânia

Câmaras de tortura em Kherson foram "planeadas e financiadas pelo Estado russo"

A denúncia é feita por uma equipa que está a investigar mais de 71.000 relatórios de crimes de guerra na Ucrânia desde o início da invasão russa. Sobreviventes relatam uso de choques elétricos e técnicas de sufocamento.

Bernat Armangue

SIC Notícias

Há pelo menos 20 câmaras de tortura na recém-libertada região de Kherson, na Ucrânia, que foram “planeadas e financiadas diretamente pelo Estado russo”, segundo uma equipa de investigadores.

Os investigadores estão a ajudar o Procurador-Geral da Ucrânia a analisar mais de 71.000 relatórios de crimes de guerra em todo o país desde o início da invasão russa.

"As novas provas recolhidas de câmaras de tortura em Kherson mostram que [estes espaços] foram planeados e financiados diretamente pelo Estado russo", afirmou a equipa, criada pela advogada britânica Wayne Jordash, em comunicado.

A equipa de Justiça Móvel, financiada pela Grã-Bretanha, União Europeia e os Estados Unidos, tem investigado crimes de guerra em Kherson desde que a cidade foi recuperada das forças russas em novembro, após mais de oito meses de ocupação.

A Reuters, já tinha divulgado informações sobre estas câmaras de tortura em janeiro, quando as autoridades ucranianas divulgaram que cerca de 200 pessoas terão sido torturadas em 10 locais. Na altura, o Kremlin e o Ministério da Defesa da Rússia não se manifestaram sobre as acusações.

Cerca de 1.000 pessoas conseguiram escapar a este tipo de torturas e apresentaram provas aos investigadores. Sobreviventes testemunharam à agência de notícias que resistiram a choques elétricos e técnicas de sufocamento.

O financiamento de uma rede de instalações de tortura fazia parte de um plano russo para "subjugar, reeducar ou matar líderes ucranianos e dissidentes comuns", disse a equipa.

Está também em curso uma investigação do Tribunal Penal Internacional, para responsabilizar os responsáveis por crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio em toda a Ucrânia. Moscovo afirma estar apenas a conduzir uma "operação militar especial" na Ucrânia, negando crimes de guerra.

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