Guerra Rússia-Ucrânia

Paz na Europa só "depois da Ucrânia ganhar a guerra e entrar para a UE", diz Zelensky

O Presidente ucraniano, no final do Conselho Europeu em Bruxelas, afirmou que só haverá paz na Europa se a Ucrânia ganhar a guerra e entrar na União Europeia. Ao lado de Zelensky, Charles Michel considerou que é importante debater já este assunto e Ursula von der Leyen assegurou que vai continuar a haver apoio por parte de Bruxelas.

YVES HERMAN

Mariana Teófilo da Cruz

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, deixou claro, esta quinta-feira em Bruxelas, no final do Conselho Europeu, o seu objetivo para 2023: as negociações para a adesão da Ucrânia à União Europeia.

“Claro que precisamos disto este ano, queremos muito, para nos motivarmos. (…) E, Charles [Michel], quando digo ‘este ano’ quero mesmo dizer este ano”, afirmou Zelensky.

O presidente do Conselho europeu, Charles Michel, em resposta disse que apesar da “grande responsabilidade” por ter “de haver unanimidade”, vão fazer o "melhor" que conseguirem.

Volodymyr Zelensky insiste que a paz na Europa só vai existir no dia em que a Ucrânia ganhar a guerra à Rússia e quando entrar na União Europeia (UE).

“A Europa só alcançará paz a longo prazo quando a Ucrânia ganhar a guerra e se tornar membro da União Europeia.”

Explica que apesar de a Rússia estar a destruir a economia e as cidades ucranianas, “estão a fazê-lo de uma forma que afeta todos os europeus”.

“A Rússia ocupou e retirou da rede a nossa central nuclear. Isso é uma violação dos vossos interesses. Dos valores, sim, mas também dos interesses”, considera.

E Zelensky apelou ainda à imposição de sanções contra a indústria dos drones, UAS e mísseis na Rússia.

"É do interesse de todos nós, não apenas dos ucranianos, mas de todos os europeus, que a Rússia não construa mísseis nucleares, que a Rússia não ataque as nossas cidades."

Charles Michel, no final do Conselho Europeu, disse que estão “cientes de que as próximas semanas (…) serão provavelmente decisivas” e, por isso, “este é o momento de não hesitar”.

Afirma, confiante, que a “União Europeia é a Ucrânia, a Ucrânia é a União Europeia” e deixa a garantia de que vai existir uma mobilização para “realizar e manter essa promessa”.

Reconhece, ainda assim, que “o caminho para a paz, reconstrução e adesão será um caminho longo e difícil”, no entanto assegura: "Estaremos ao vosso lado durante esta caminhada".

O presidente do Conselho Europeu deixou ainda um elogio à Ucrânia pela coragem em implementar as reformas necessárias à adesão à União Europeia em plena guerra.

“No decorrer da invasão, fizeram a escolha de apresentar uma candidatura à União Europeia. (…) Muito rapidamente os líderes europeus, no mês de junho, acabaram por decidir por dar esse estatuto de candidato à Ucrânia. (…) Desde então, apesar desta situação de guerra que enfrenta, corajosamente, implementou reformas. Estamos impressionados com os progressos que conseguiu em poucos meses.”

A promessa de apoio à Ucrânia durante os próximos meses ficou feita. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, comparou a relação da UE com a Ucrânia com uma família:

“Temos uma só visão e os membros de uma família ajudam-se uns aos outros. Podem contar connosco.”

A Comissão Europeia deverá divulgar em outubro se a Ucrânia cumpre os critérios para iniciar as negociações de adesão e, depois disso, será necessário que os Estados-membros concordem por unanimidade.

Von der Leyen assegurou ainda que a “comunidade internacional está a trabalhar arduamente para garantir que é feita justiça”. E para isso há três passos importantes que estão a ser concretizados, enumera a presidente:

“O primeiro é recolher e guardar provas dos crimes cometidos. Já começamos a fazê-lo. O segundo passo é ter os procuradores a trabalhar em conjunto e, para isso, vamos montar um centro em Haia. E o passo seguinte é: criar um tribunal.”

A presidente da Comissão Europeia garantiu ao Presidente ucraniano que existe a “vontade política para responsabilizar o autor dos crimes, inclusive pelo crime de agressão”.

No Conselho Europeu, que decorreu esta quinta-feira em Bruxelas, o Presidente da Ucrânia insistiu na necessidade de os Estados-membros da União Europeia cooperarem com o país a uma velocidade superior à da Rússia e pediu sanções contra a energia nuclear russa.

Ladeado pelo presidente do Conselho, Charles Michel, e perante os presidentes e primeiros-ministros dos 27, Zelensky agradeceu o "apoio incondicional" que o país recebeu desde o início da guerra, há praticamente um ano: os sucessivos pacotes de sanções, o acolhimento de refugiados, o auxílio humanitário e económico-financeiro e, especialmente, o armamento que está a ser utilizado para contrariar a ofensiva de Moscovo.

A Ucrânia "nunca quis esta guerra, nunca quis qualquer guerra", disse Zelensky perante os 27, e "sempre tentou preservar a paz", mas hoje é necessário o apoio de toda a União Europeia para que "a Europa continue unida", com uma "Ucrânia independente, uma Moldávia independente, uma Geórgia independente e todos os outros Estados que fazem parte da família europeia".

Zelensky, durante o Conselho Europeu, afirmou que a adesão do país à União Europeia "é o caminho para casa" e que a Ucrânia partilha o "modo de vida europeu" com os restantes 27 Estados-membros.

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