Guerra Rússia-Ucrânia

Jornalista russo condenado à revelia a oito anos de prisão por divulgar "notícias falsas"

Há meses que Alexandre Nevzorov está fora da Rússia, em parte incerta.

Cortesia Lydia Nevzorova / YouTube

Catarina Solano de Almeida

O jornalista e ex-deputado russo Alexandre Nevzorov foi hoje condenado, à revelia, a oito anos de prisão. Foi considerado culpado de “difundir notícias falsas” sobre as ações das Forças Armadas russas na Ucrânia, nomeadamente depois de ter acusado Moscovo do bombardeamento na maternidade de Mariupol, no sul da Ucrânia.

"Nevzorov foi condenado a oito anos de prisão numa colónia penal", disse a juíza Evgenia Nikolaeva do tribunal de Basmanny em Moscovo, segundo agências russas, como o Moscow Times.

O Ministério Público pediu nove anos de prisão, enquanto o advogado pediu a absolvição do seu cliente, exilado no estrangeiro em parte incerta e que tem um canal no YouTube com quase dois milhões de assinantes.

No final de março de 2022, o Comité de Investigação encarregado dos principais casos na Rússia anunciou a abertura de uma investigação contra o Nevzorov, de 64 anos, acusando-o de ter "publicado conscientemente informações falsas sobre um bombardeamento deliberado de uma maternidade em Mariupol (sudeste da Ucrânia) pelo exército russo'.

A Rússia nega sistematicamente qualquer bombardeamento de locais civis, culpando sempre a Ucrânia.

Lei aprovada no início da guerra prevê até 15 de prisão

Este processo de Nevzorov foi o primeiro caso deste tipo aberto na Rússia contra um jornalista após a aprovação, no início de março de 2022, de uma lei que prevê até 15 anos de prisão para qualquer informação sobre o exército russo considerada falsa pelo Kremlin.

O veredicto acontece numa altura de crescente repressão aos media e aos jornalistas, em quase um ano da guerra da Rússia contra a Ucrânia.

O opositor Ilya Yashin foi condenado a oito anos e meio de prisão por denunciar "o assassinato de civis" na cidade ucraniana de Bucha, perto de Kiev, onde o exército russo é acusado de ter cometido abusos, o que Moscovo rejeita.

Outra figura da oposição, Vladimir Kara-Murza, está detido, acusado de alta traição.

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