Guerra Rússia-Ucrânia

Corte de gás à Polónia e à Bulgária: “Estamos a falar numa retaliação política que entra no domínio bélico”

Análise de José Gomes Ferreira.

A gigante russa Gazprom anunciou esta quarta-feira que cortou o fornecimento de gás à Polónia e à Bulgária, depois destes países se terem recusado a pagar em rublos, a moeda russa, imposição que tinha sido feita por Moscovo. 

A UE já previa tal situação, mas não tão rapidamente e “com algum tempo para se preparar, para arranjar outras alternativas”, diz José Gomes Ferreira. À SIC, refere que a surpresa foi ter sido “um corte decidido pela própria empresa fornecedora”.

“Aquilo que eu acho que deve ser objeto de análise é que esta iniciativa da Gazprom deve ser uma iniciativa política (…) e está a ser usado como uma chantagem porque a própria Polónia é dada como estando a prestar muito apoio, não só aos refugiados ucranianos, mas também na entrega de ajuda militar”.

José Gomes Ferreira pensa estar em causa uma “retaliação política que entra no domínio bélico”, que fez com que o gás atingisse o índice mais elevado só este mês – “valor seis vezes mais caro do que há um ano”.

A Presidente da Comissão Europeia, Von Der Leyen, e a Presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, já se manifestaram e defendem um embargo total ao carvão e ao gás. Algo que José Gomes Ferreira considera “uma ideia um bocadinho lírica”.

“As economias dependem absolutamente do gás para poderem fabricar e exportar (…) essa mudança não é assim tão rápida. É preciso pensar que a origem da fonte de energia primária em Portugal e na Europa tem ainda, na esmagadora maioria, suporte nas importações de petróleo de gás natural”.

“Eu não tenho nada contra” as energias alternativas, fotovoltaicas e eólicas, “pelo contrário, eu gostaria que tudo fosse produzido a partir daí, só que esse tipo de energias tem limitações técnicas enormes, nomeadamente há períodos do dia ou da noite em que não existem, e portanto o sistema não pode ir abaixo”, disse.

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