Os produtores de milho debatem a partir desta quarta-feira as incertezas que o setor enfrenta com a escalada dos preços das matérias-primas, agravada com a guerra na Ucrânia, – que conduzirá a uma subida dos preços ao consumidor.
“Temos que perceber que o mundo em que vivemos em que tudo era um dado adquirido mudou. A partir do momento em que vivemos na Europa com uma situação de guerra às nossas portas, não podemos pensar que tudo é adquirido e que continuamos a viver numa sociedade de bem-estar e em que conseguimos ter o melhor dos mundos – produtos de qualidade, com segurança alimentar total e preços baixos”, afirmou o presidente da Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo (Anpromis), em declarações à Lusa.
Para Jorge Neves é “incontornável” a subida dos preços pagos pelo consumidor, numa altura em que os produtores se deparam com várias incertezas, provocadas pela escalada do preço das matérias-primas.
Conforme destacou o presidente da Anpromis, é necessário que a União Europeia revalorize “o papel dos agricultores, no sentido de tornar a Europa menos dependente de países e economias instáveis”.
O impacto da guerra da Ucrânia neste setor é um dos temas em cima da mesa no XIII Congresso Nacional do Milho, que se realiza entre esta quarta e quinta-feira, no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém.
Neste evento, onde são esperadas mais de 600 pessoas, vão também ser discutidos temas como a gestão dos recursos hídricos em Portugal, “um tema bastante pertinente face às alterações climáticas e à situação de seca” e os desafios da alimentação.
Jorge Neves adiantou também que, no último dia do Congresso, vai ser abordada a evolução do mercado mundial de matérias-primas, o papel da agricultura no modelo desenvolvimento económico em Portugal, bem como a Política Agrícola Comum (PAC).
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