Junto ao prédio destruído em Obolon, a equipa de enviados especiais encontrou pessoas que fugiram da guerra a partir de outros pontos da Ucrânia, mas que a voltaram a encontrar na capital do país, Kiev.
A coluna de fumo mostrava o cinzento que pintava o amanhecer em Obolon, a escassos 10 quilómetros do centro de Kiev.
Perto, há uma escola, automóveis que deixaram de o ser e, em volta, prédios com pessoas dentro. As janelas evaporaram-se com a explosão e, para um qualquer militar russo, este era um alvo essencial: um edifício de 10 andares, atingido por um disparo de artilharia,
O projétil rasgou a quietude de dezenas de famílias e só não matou muitos mais por muito pouco.
“Estou sem palavras, o inimigo faz muito mais do que uma guerra. Eles atingiram a entrada do edifício, não os apartamentos de cima. Se tivessem apontado mais para a esquerda ou para direita, teríamos muito mais vítimas mortais”, explica o presidente da Câmara Municipal, Vitali Klitschko.
Entre vizinhos e desgostos, encontra-se quem tenha fugido de sobressalto igual noutro canto do país, noutra cidade atingida pela guerra, para viver outra vez o flagelo, desta vez em Kiev.
“Não consigo perceber como isto é possível, como pode acontecer”, diz Vlad Shyvanyuk, um morador.
Resta à Ucrânia limpar as mágoas e esperar dias melhores, e há quem tenha tamanha fé.
“Agora, a Ucrânia está em sofrimento. Cristo, quando passou pelo mesmo, ressuscitou. Vamos renascer, tal como Cristo, que foi cruxificado e ressuscitou. É o mesmo que enfrenta a Ucrânia”, partilha o capelão Mikola Midenski.