Guerra no Médio Oriente

Governo israelita volta a estar sob pressão interna para acabar com a guerra

Mais de 500 antigos dirigentes da Mossad e de várias agências de defesa de Israel apelaram a Donald Trump para pressionar Benjamin Netanyahu a acabar com a guerra em Gaza. Os antigos responsáveis israelitas dizem que a guerra deixou de ser justa. Vários congressistas democratas pediram igualmente a Donald Trump que reconheça o Estado da Palestina. No terreno, mais cinco pessoas morreram de subnutrição nos hospitais de Gaza.

Miguel Franco de Andrade

É considerada uma das formas de distribuição de ajuda menos eficazes de todas, mas é também um último recurso numa operação levada a cabo pela França, Bélgica e Jordânia num momento em que a fome - a par dos bombardeamentos - continua a provocar a morte na Faixa de Gaza. 

Dois milhões e trezentas mil pessoas num território onde a ajuda humanitária não é suficiente. A alternativa são as mortíferas filas de distribuição de alimentação geridas pelos Estados Unidos e Israel, em substituição das Nações Unidas, onde a população é recebida com tiroteios mortais.

Pelo menos mais cinco pessoas morreram de subnutrição este domingo em Gaza. O crescente vermelho denunciou o ataque por parte das forças israelitas aos escritórios que a organização internacional detinha em Khan Younis, a par da morte de um funcionário e do ferimento de outros três.

O extremista ministro da segurança nacional de Israel invadiu em Jerusalém a zona sagrada dos muçulmanos verbalizando a intenção de anexar a Faixa de Gaza.

“Digo-o aqui, precisamente no Monte do Templo, o lugar onde provamos que é possível impor a soberania e a governação. A partir daqui, temos de transmitir uma mensagem: temos de garantir que, a partir de hoje, conquistamos a Faixa de gaza, anexamos toda a Faixa de Gaza,  eliminamos todos os membros do Hamas e encorajamos a emigração voluntária”, diz Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança de Israel 

O Hamas divulgou dois vídeos com imagens de reféns israelitas subnutridos a apelarem ao retorno às negociações. Benjamin Netanyahu acusou o grupo de mentir quanto à existência de fome em Gaza, e diz que não vai ceder.

“Compreendo exatamente o que o Hamas quer. Não quer um acordo. Quer vergar-nos com estes vídeos horríveis, com a propaganda falsa que espalha pelo mundo. Eles têm tudo o que precisam para comer. Estão a matá-los à fome, tal como os nazis mataram os judeus de fome”, afirmou Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel. 
“Queremos que Israel os alimente. Estamos a dar contribuições significativas para que comprem alimentos, para que as pessoas possam ser alimentadas”, diz Donald Trump. 

12 congressistas democratas escreveram a Donald Trump para que o presidente norte-americano reconheça o Estado da Palestina. 

Mais de 500 antigos dirigentes das várias agências de segurança de Israel, como a Mossad, acusam Benjamin Netanyahu de manter uma guerra que consideram já não ser justa - em que o Hamas, dizem, já não representa uma ameaça estratégica para Israel - e está a levar o país, vítima do Holoacausto, para um vazio moral.

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