Guerra no Médio Oriente

Médicos Sem Fronteiras falam em "matança disfarçada de prestação de ajuda” em Gaza

"As pessoas são mortas e feridas neste processo caótico", afirmam os Médicos Sem Fronteiras, que apelam a que seja levantado o bloqueio de alimentos, combustível, material médico e humanitário a Gaza e que se regresse ao sistema humanitário anterior, coordenado pela ONU. 

Catarina Neves

As acusações de que está em curso uma "matança" em Gaza continuam a ser feitas por entidades como os Médicos Sem Fronteiras. E esta sexta-feira, até soldados de Israel disseram a um jornal israelita que têm ordem para disparar contra os palestinianos que estão perto dos centros de distribuição de ajuda. 

Crianças a raspar o fundo ao tacho da ajuda humanitária é uma imagem símbolo do acentuar da falta de condições de vida em Gaza. 

Há um mês que a Fundação Humanitária de Gaza, entidade próxima de Israel e dos Estados Unidos, começou, ali, a distribuir alimentos. 

Nesse mês, mais de 500 pessoas foram mortas e quase 4.000 feridas quando tentavam obter comida, segundo os Médicos Sem Fronteiras. 

A organização acusa, precisamente, a Fundação Humanitária de Gaza de permitir uma "matança disfarçada de prestação de ajuda humanitária". 

Os Médicos Sem Fronteiras afirmam em comunicado:  

"O esquema israelita e norte-americano de distribuição de alimentos em Gaza está a degradar a vida dos palestinianos, deliberadamente, forçando as pessoas a terem de escolher entre não terem o que comer ou arriscar a vida. Os funcionários da Fundação Humanitária de Gaza largam as paletes e as caixas de alimentos e abrem as vedações, permitindo que milhares de pessoas entrem de uma só vez para lutar até ao último grão de arroz. Se as pessoas chegarem cedo e se aproximarem dos postos de controlo, são baleadas. Se chegarem atrasados, não podem permanecer ali porque é uma 'zona evacuada' e serão baleados." 

Conclusão: "As pessoas são mortas e feridas neste processo caótico", afirmam os Médicos Sem Fronteiras, que apelam a que seja levantado o bloqueio de alimentos, combustível, material médico e humanitário a Gaza e que se regresse ao sistema humanitário anterior, coordenado pela ONU. 

A corroborar o que os Médicos Sem Fronteiras garantem estão as afirmações de soldados israelitas a um conhecido jornal israelita. 

Ordens para disparar

Alguns elementos das forças de Defesa de Israel dizem ter ordem para disparar deliberadamente contra palestinianos enquanto estes esperam pela ajuda humanitária nos tais centros de distribuição. Devem disparar mesmo que não haja qualquer sinal de ameaça. 

As forças de defesa de Israel dizem estar a investigar a situação, enquanto Benjamin Netanyahu rejeita que haja disparos contra palestinianos que procuram comida. 

Socorristas palestinianos afirmam que, só esta sexta-feira, as forças israelitas fizeram 62 mortos, 10 dos quais foram mortos quando esperavam por comida. 

Últimas