Guerra no Médio Oriente

Irão diz que negociações com os EUA não fazem sentido após ataques israelitas

Donald Trump continua a pedir ao Irão que assine o acordo nuclear para parar os ataques israelitas. Foi cancelada a ronda de negociações de domingo entre o Irão e os Estados Unidos.

Ana Filipa Nunes

Margarida Bento Campos

Este foi o ataque à central de enriquecimento de urânio de Natanz. Uma das instalações alvo de mísseis israelitas, numa operação para impedir o Irão de obter armamento nuclear. A Agência Internacional de Energia Atómica já confirmou a destruição de uma parte significativa da central.

"Em Natanz, a parte que está acima do solo da fábrica piloto de enriquecimento de combustível, onde o Irão produzia urânio enriquecido até 60%, urânio-235, foi destruída. A infraestrutura elétrica da instalação, uma subestação elétrica, o edifício principal de fornecimento de energia elétrica, o fornecimento de energia de emergência e os geradores de reserva também foram destruídos", explica Rafael Gross, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica.

Mesmo assim, o nível de radioatividade fora de Natanz permanece inalterado e sem impacto na população. As instalações de Isfahan e Fordo também foram afetadas.

"Neste momento, as autoridades iranianas estão a informar-nos sobre ataques a duas outras instalações, nomeadamente a central de enriquecimento de combustível de Fordow e a fábrica de Isfahan, onde há uma fábrica de placas de combustível, uma central de fabrico de combustível, uma unidade de conversão de urânio e uma central de pó dióxido de urâneo enriquecido", diz Rafael Grossi

Os ataques militares a centrais nucleares estão proibidos pelas Convenções de Genebra e pelos protocolos adicionais. Convenções que estabelecem regras para a conduta em conflitos armados. No entanto, a ONU lembra o Irão que não estava a cumprir com as respetivas obrigações.

"A resolução da Agência Internacional de Energia Atómica, adoptada a 12 de Junho,insta o Irão a cumprir as suas obrigações legais e a cooperar plenamente com a AIEA para remediar urgentemente o incumprimento do acordo de salvaguardas. Por último, a recente escalada perigosa segue-se a alguns desenvolvimentos diplomáticos significativos. As negociações entre o Irão e os EUA deveriam ser retomadas em Omã este fim de semana. Incentivo a que estes esforços diplomáticos continuem", diz Rosemay Dicarlo, subsecretária-geral da ONU para os assuntos políticos. 

O Irão já reagiu e diz que as negociações com os Estados Unidos não fazem sentido após os ataques israelitas. Nas ruas de Teerão as opiniões dividem-se. O Irão nega que está a desenvolver armamento nuclear. Israel garante que matou nove cientistas ligados ao programa iraniano.

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