Guerra no Médio Oriente

Israel endurece posição nas tréguas em Gaza e ameaça regressar à guerra com o Hamas

Israel bloqueou no domingo, até novas ordens, a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, onde cerca de 2,4 milhões de palestinianos estão cercados pelo exército israelita desde outubro de 2023.

Miguel Franco de Andrade

Num momento em que Israel e o Hamas já deveriam estar em negociações para a segunda fase do plano de cessar-fogo na Faixa de Gaza, o governo israelita de Benjamin Netanyahu declarou que vai bloquear a entrada de ajuda humanitária no território. Isto significa que a população de mais de dois milhões de pessoas, confinada num território devastado por 15 meses de guerra, pode deixar de receber comida nos próximos dias.

Terminada no sábado a primeira fase do plano de cessar-fogo, que previa a interrupção da guerra e a troca de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos, o que estava previsto era uma segunda fase de negociações entre Israel e o Hamas. Em vez disso, e em pleno Ramadão, Benjamin Netanyahu anunciou o bloqueio total da Faixa de Gaza.

Netanyahu afirma agora seguir o plano do enviado de Donald Trump ao Médio Oriente, que prevê a entrega imediata de metade dos reféns, um plano que não foi sujeito a negociação ou aprovação do Hamas.

No dia em que compareceu em mais uma sessão do julgamento onde está acusado de corrupção, o primeiro-ministro israelita foi recebido com protestos no parlamento, onde decorre a comissão parlamentar de inquérito às falhas de segurança do governo e dos serviços de informação, que poderão ter facilitado o ataque de 7 de outubro. No hemiciclo, foi ainda contestado pelos familiares dos reféns. Benjamin Netanyahu respondeu com a ameaça do regresso à guerra.

Apesar do cessar-fogo ainda vigente, pelo menos duas pessoas morreram num ataque com drones israelitas em Rafah, no sul de Gaza.

A União Europeia, países árabes, as Nações Unidas e a Cruz Vermelha já condenaram os planos de Israel, que podem levar novamente à fome generalizada em Gaza.

O Egito prepara-se para apresentar, esta terça-feira, um plano alternativo para Gaza, diferente da chamada “Riviera do Médio Oriente”, proposta por Donald Trump. O plano egípcio prevê que uma força internacional e uma missão governamental substituam o Hamas na região.

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