Guerra no Médio Oriente

Menino palestiniano que inventou forma de iluminar campo de refugiados está agora sem abrigo e subnutrido

Há sete meses, um adolescente palestiniano aparecia nas notícias, por procurar formas de iluminar o campo de refugiados onde vivia, na Faixa de Gaza, com a ajuda do vento. Agora, a SIC entrevistou-o em exclusivo. Hussam está a passar fome. A viver nas mesmas circunstâncias estão outras 50 mil crianças.

Pedro Miguel Costa

Hussam Al-Attar tem 15 anose, há sete meses, era em Gaza só mais uma criança em fuga com a família dos bombardeamentos de Israel. Para “aliviar o sofrimento passado durante a guerra”, pegou no vento que corria sobre as tendas em Rafah e fê-lo iluminar o que antesera escuro. Chamaram-lhe o ‘Newton de Gaza’.

“Fugimos do norte para Rafah. Passámos os primeiros 20 dias na escuridão. Era muito escuro à noite e eu tinha pena da minha mãe, do meu pai e dos meus irmãos”, contava o jovem.

“Fui ao mercado de sucata e encontrei ventoinhas. Trouxe-as para aqui e pensei que podia fazer um moinho de vento que gerasse eletricidade”, explicava.

“A primeira tentativa falhou. A segunda gerou eletricidade, mas era fraca. E, à terceira tentativa, trouxe outra ventoinha e instalei-a sobre elas. E funcionou”, recordava o adolescente. “Liguei-as a fios e acendi lâmpadas através delas.”

O pequeno inventor solucionou um problema e ajudou a família nas noites mais escuras na Faixa de Gaza.

Espectadora da SIC procura ajudar

Margarida Cortes Rosa, espectadora da SIC, conheceu na televisão a história de Hussam e tentou ajudá-lo a conseguir uma bolsa para estudar numa universidade do mundo à sua escolha. Contactou o jornalista da Reuters que tinha entrevistado o jovem palestiniano e conseguiu o contacto do irmão de Hussam. Mas as candidaturas à bolsa fecharam.

“Desde fevereiro que temos estado a tentar encontrar uma solução educacional para o Hussam”, conta Margar Cortes Rosa.

A vida de Hussam passados sete meses

Hussamé agorauma das cerca de 50 mil crianças vítimas da subnutrição severa que se vive em Gaza.

“Tinha ambições e sonhos, iluminar todo o campo em que vivo. Mas, infelizmente, fomos deslocados da cidade de Rafah”, diz o jovem à SIC. “Agora sou um sem-abrigo na praia de KhanYounis.”

“A minha família e eu dependemos da ajuda humanitária, a comida é enlatada”, relata.

Quando a SIC lhe pede que deixe uma mensagem às pessoas que vivem em Israel, fala em "paz".

“Desejo que vivamos todos em paz e não em guerra. Qual é a nossa culpa ou a culpa de outras crianças que acabam como nós?”.

A Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinianos descreve hoje Gaza como inabitável.

Várias das organizações não governamentais que trabalham no território garantem que Israel bloqueia mais de 80% da ajuda alimentar que tem Gaza como destino.

Últimas