Hussam Al-Attar tem 15 anose, há sete meses, era em Gaza só mais uma criança em fuga com a família dos bombardeamentos de Israel. Para “aliviar o sofrimento passado durante a guerra”, pegou no vento que corria sobre as tendas em Rafah e fê-lo iluminar o que antesera escuro. Chamaram-lhe o ‘Newton de Gaza’.
“Fugimos do norte para Rafah. Passámos os primeiros 20 dias na escuridão. Era muito escuro à noite e eu tinha pena da minha mãe, do meu pai e dos meus irmãos”, contava o jovem.
“Fui ao mercado de sucata e encontrei ventoinhas. Trouxe-as para aqui e pensei que podia fazer um moinho de vento que gerasse eletricidade”, explicava.
“A primeira tentativa falhou. A segunda gerou eletricidade, mas era fraca. E, à terceira tentativa, trouxe outra ventoinha e instalei-a sobre elas. E funcionou”, recordava o adolescente. “Liguei-as a fios e acendi lâmpadas através delas.”
O pequeno inventor solucionou um problema e ajudou a família nas noites mais escuras na Faixa de Gaza.
Espectadora da SIC procura ajudar
Margarida Cortes Rosa, espectadora da SIC, conheceu na televisão a história de Hussam e tentou ajudá-lo a conseguir uma bolsa para estudar numa universidade do mundo à sua escolha. Contactou o jornalista da Reuters que tinha entrevistado o jovem palestiniano e conseguiu o contacto do irmão de Hussam. Mas as candidaturas à bolsa fecharam.
“Desde fevereiro que temos estado a tentar encontrar uma solução educacional para o Hussam”, conta Margar Cortes Rosa.
A vida de Hussam passados sete meses
Hussamé agorauma das cerca de 50 mil crianças vítimas da subnutrição severa que se vive em Gaza.
“Tinha ambições e sonhos, iluminar todo o campo em que vivo. Mas, infelizmente, fomos deslocados da cidade de Rafah”, diz o jovem à SIC. “Agora sou um sem-abrigo na praia de KhanYounis.”
“A minha família e eu dependemos da ajuda humanitária, a comida é enlatada”, relata.
Quando a SIC lhe pede que deixe uma mensagem às pessoas que vivem em Israel, fala em "paz".
“Desejo que vivamos todos em paz e não em guerra. Qual é a nossa culpa ou a culpa de outras crianças que acabam como nós?”.
A Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinianos descreve hoje Gaza como inabitável.
Várias das organizações não governamentais que trabalham no território garantem que Israel bloqueia mais de 80% da ajuda alimentar que tem Gaza como destino.